A broca se mantém como principal praga da cana-de-açúcar
Alto grau de severidade; se encontra nas diversas regiões canavieiras e provoca perdas agrícolas e industriais, fatores que fazem da broca a principal vilã dos canaviais
No mundo existem cerca de 1300 insetos que atacam a cana-de-açúcar, nas Américas são em torno de 500 espécies e no Brasil aproximadamente 30 pragas provocam perdas nos canaviais, que chegam à ordem de R$ 10,86 bilhões por ano. Algumas dessas pragas apresentam danos inofensivos, já outras podem dizimar o canavial. É o caso da broca-da-cana, a Cigarrinha e o Sphenophorus levis, que juntas representam mais de 80% dos gastos com inseticidas.
Pelo que foi apresentado no 15º Insectshow – Seminário sobre Controle de Pragas da Cana – realizado pelo Grupo IDEA, nos dias 17 e 18 de julho, mesmo com o crescimento da incidência de Cigarrinha e Sphenophorus (principalmente pela extinção da queima), a broca-da-cana se mantém como principal devorador dos canaviais. O que mais contribui para a liderança da broca é seu alto grau de severidade, sua presença nas diversas regiões canavieiras do país, e por provocar perdas agrícolas e industriais.
Por isso, a adoção de várias medidas de controle é técnica essencial para o controle da proca. Durante o 15º Insectshow, a pesquisadora do IAC, Leila Luci Dinardo-Miranda, apresentou recomendações para que haja sucesso no manejo integrado da broca-da-cana. Segundo ela, os inseticidas passaram a ser ferramentas de controle bastante importantes para a broca-da-cana nos últimos 10 anos, devido, principalmente, ao aumento do número de infestações.
"No entanto, é essencial aliar outras medidas, como a Cotesia flavipes e variedades mais resistentes em áreas mais propícias à broca (como áreas de vinhaça ou muito infestadas por Sphenophorus levis). Além disso, é importante rotacionar produtos para reduzir a velocidade do estabelecimento da resistência nas populações”, alertou Leila.
O consultor da Global Cana, José Francisco Garcia, apresentou no 15º Insectshow um levantamento realizado por sua consultoria, revelando que o índice de intensidade de infestação final da praga nos Estados de São Paulo e Goiás é três vezes maior do que o revelado pelas usinas. “O índice de intensidade de infestação final de broca-da-cana em São Paulo é de quase 7%.
Tamanho o poder de destruição, é vital que as usinas e agrícolas adotem ferramentas para o melhor controle da praga."
O consultor salientou que o setor precisa mudar a forma de trabalhar a broca-da-cana, senão "iremos perder a briga". Para Garcia, técnicas de levantamento como calendarização, hora/homem ou número de lagartinhas na folha não funcionam mais. "A melhor ferramenta é armadilha de feromônio."