A dupla MPB e Meiosi deve ser amplamente utilizada pelo setor
Atualmente, a adoção do sistema de formação de canavial que une a Meiosi (Método Interrotacional Ocorrendo Simultaneamente) e o plantio de muda pré-brotada (MPB) tem feito muito sucesso. E Ismael Perina Júnior é um dos principais responsáveis por isso, foi pioneiro na adoção da prática, quando iniciou, há cinco anos, sua taxa de multiplicação era de 1x7 (1 linha de cana plantada com MPB gerava muda para setes linhas), hoje, sua taxa de multiplicação já alcança 1x30. Ismael afirma que o sistema Meiosi e MPB pode ser adotado por todos os produtores de cana, independente do tamanho.
Ismael comenta que, aparentemente a muda pode parecer cara (média de R$ 1), mas quando se combina essa tecnologia de MPB com o sistema de Meiosi, o método fica barato, pois aumenta o ganho do produtor. Quando plantada o MPB em Meiosi, a cana produzida vai servir de muda para a área ocupada com rotação de cultura, como soja ou amendoim.
O produtor observa que, pensou-se por muito tempo em tonelada de cana por hectare, “mas temos que pensar em número de gemas por hectare ou por metro. Assim voltamos a cair no conceito da própria planta chamada cana-de-açúcar, que forma touceira. Se forma touceira e encho de gema, joguei muita cana fora à toa que poderia estar na usina fazendo açúcar e etanol.”
Na Meiosi com MPB, o produtor tem grande rendimento. “Nesse modelo, começamos inicialmente a trabalhar com 50 cm de espaçamento e já estamos com 70 cm em algumas variedades entre uma muda e outra. E com o canavial futuro fechando de forma inacreditável, mesmo sendo uma muda plantada a cada 70 cm.”
Mas a MPB exige cuidados, como a irrigação. Ismael diz que existe uma solução simples. Com um tanque e uma bomba, se molha no plantio. Mas tem que fazer trabalho bem-feito de irrigação localizada, com baixo consumo de água. A água, além de irrigar, ajuda a dar firmeza na muda. Depois do plantio, mais outra irrigação pode ser suficiente. Precisaria de mais uma se ficar muito seco.” Enquanto isso, ainda não se planta a roça da cultura intercalar, porque não choveu ainda. “A roça planta quando chover.”
Ele apresenta duas variedades bem-sucedidas no sistema de Meiosi na sua fazenda: a CTC 4 e a RB 85-5156, plantadas nos espaçamos de 60 e de 70 cm. Relata que essas duas variedades, resultam em 1:24 (um sulco com cana produzindo muda para cobrir uma área de 24 linhas). Nesse sistema, ele acredita que o plantio manual garante o sucesso da operação. Variedade e espaçamento são fatores que precisam ser estudados pelo próprio produtor, já que cada área tem suas características. “Cada produtor, na sua área de produção, tem que perceber isso. Não tem receita pronta”, salienta Ismael. “Tenho certeza absoluta que algumas variedades que, a 70 cm, fornecem muda tranquilamente para a necessidade da área. Outras variedades perfilham menos e provavelmente exigem que se encurte mais a distância entre as mudas plantadas, chegando a 60 cm.” O espaçamento de 50 cm Ismael praticamente já descartou para todas as variedades.
Ismael não tem dúvida que é uma operação que pode ser tranquilamente feita pelo pequeno e médio produtor. “Talvez a única coisa que o pequeno e médio produtor precisa é ter equipamento para marcar as linhas. Depois é tudo trator de 75 ou 110 hp, no máximo. Se for no sulcador ou na mão, ele está tocando a atividade com 75 hp. Aí já pensamos: desse jeito deve reduzir o custo mesmo.”
Com esse sistema, o produtor pode planejar a implantação da sua área de cana-de-açúcar: “posso planejar a variedade que quero, do jeito que quero, da forma que quero, no terreno que quero, no ambiente de produção que quero. Tudo com antecipação. Acabamos com aquele papo de pegar a cana mais fácil na hora de fazer o plantio”. A cana plantada no sistema de Meiosi pode ser colhida manualmente ou no esquema que boa parte dos produtores utiliza: corta com a colhedora, joga no transbordo, transborda na plantadora. O grande diferencial do negócio é a redução de custo operacional. E como vai utilizar menos cana para muda, sobra matéria-prima para fornecer para a usina. No balanço feito por Ismael, o sistema reduz o custo de implantação do canavial em torno de R$ 2 mil por hectare.
Mas o produtor salienta que é fundamental utilizar MPB com alta sanidade. “O problema é que há empresas que estão fazendo mudas sem os devidos cuidados. E também já vi produtor de MPB produzindo muda com raquitismo, por exemplo. Isso porque está fazendo muda sem a condição ideal. Por isso, se for se atrever a produzir MPB, tem que ser como manda o figurino, para que problemas graves que já tivemos não se repitam.”
Fonte: CanaOnline