Açúcar sobe em Nova York, com decisões políticas na Índia e incêndios no Brasil
Em contrapartida, café e cacau recuam, mesmo com tensões climáticas nas zonas produtoras do arábica
Por Fernanda Pressinott, Isadora Camargo e Paulo Santos — São Paulo
Os contratos de açúcar demerara encerraram emalta a sessão desta terça-feira (3/9) na bolsa de Nova York, motivados por decisões do governo indiano e pelos problemas de safra no Brasil, após uma série de incêndios nos canaviais de São Paulo.
Os lotes que vencem em outubro, os mais líquidos, subiram 0,57% (11 pontos), a 19,49 centavos de dólar por libra-peso. No contrato para março de 2025, a valorização foi de 0,76% (15 pontos), para 19,81 centavos de dólar por libra-peso.
O Ministério da Alimentação da Índia liberou a produção de etanol pelas usinas de cana do país a partir de 1º de novembro, quando começa a temporada 2024/25. Em dezembro passado, a Índia havia proibido o uso de cana para o biocombustível para aumentar suas reservas de açúcar. A nova decisão deve ter efeito sobre a oerta da commodity.
Sobre o Brasil, a trading Czarnikow cortou sua estimativa de produção de açúcar do Centro-Sul em 2024/25 de 40,0 milhões para 39,2 milhões de toneladas, devido à seca e danos causados pelo fogo nas lavouras de São Paulo. Em outro fato de suporte, na sexta-feira, a Organização Internacional do Açúcar (ISO) elevou em 200 mil toneladas sua estimativa de déficit global de açúcar em 2024/25. O número passou para 3,58 milhões de toneladas.
Café
Com negociações mais lentas, depois do feriado de Dia do Trabalho nos Estados Unidos, os lotes de café com vencimento para dezembro fecharam em queda de 0,51% na bolsa de Nova York. A cotação foi de US$ 2,4280.
Durante a manhã, o arábica apresentou tendência mista, subiu e desceu, mesmo com as notícias de clima que afetam as regiões produtoras do Brasil, como Minas Gerais, que está há quatro meses sem chuvas, em especial no Cerrado Mineiro.
“É um momento esperado, em que submetemos à planta a um estresse térmico para que ela não floresça antes da hora. Mas esse manejo é muito cauteloso, porque os pés de café não podem ficar muitos dias sem a irrigação”, explicou o produtor de Monte Carmelo (MG) Marcelo Urtado, presidente do Consórcio Cerrado das Águas.
O grão também fechou o dia no mercado na contramão do robusta, em Londres, que se recuperou devido ao desconto aplicado aos grãos dessa espécie em relação ao arábica. As preocupações com o futuro da próxima safra e potencial oferta restrita para as duas espécies persistem entre os agentes de mercado.
Cacau
Os contratos para dezembro do cacau fecharam em queda em Nova York nesta terça-feira (3/9), um recio de 5,23%, precificado a US$ 7.270 a tonelada.
De acordo com o site internacional Africanews, o regulador do cacau de Gana planeja aumentar o preço garantido pelo Estado pago aos seus produtores de cacau para a temporada de safra 2024/25 em quase 45%. Esse aumento ajuda a garantir valor diante das imprecisões climáticas, que ainda pesam no setor. Por outro lado, a demanda da indústria segue enfraquecida e isso derruba os preços na bolsa.
Algodão
Os lotes com prazo para dezembro do algodão em Nova York fecharam a sessão desta terça-feira (3/9) em alta de 0,73%, a 70,50 centavos de dólar por libra-peso. A reação positiva é pontual e está associada a um movimento técnico do mercado, pós feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos. As negociações das commodities, em geral, ficaram mais lentas durante o dia na bolsa americana.
A tendência a curto prazo, segundo especialistas, é de baixos preços. "A produção [de algodão] no Brasil não é problema, ela caminha muito bem. A grande questão é a demanda, que depende de outros fatores, como a macroeconomia, e isso não está no controle dos produtores", disse Ron Lawson, diretor comercial da RCM Ag Services, empresa de serviços agrícolas.
A equação entre oferta e demanda direcionam os fundos a continuaram apostando na queda de preços, porém não deve ser tão acentuada a longo prazo, caso a demanda global volte a aquecer.
De acordo com a análise do site Barchart, os preços do algodão subiram de 104 a 115 pontos nesta terça-feira, suportados também pela alta do índice do dólar, em 150 pontos, e pela queda dos futuros do petróleo bruto caindo US$ 3,14/barril.
Suco de laranja
No mercado de suco de laranja em Nova York, os lotes para novembro fecharam a sessão em leve alta de 1,04%, a US$ 4,6510 a libra-peso.
Fonte: Globo Rural