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Alerta máximo para o Colletrotrichum falcatum

Alerta máximo para o Colletrotrichum falcatum

Em meados de 2009, alguns produtores do Triângulo Mineiro começaram a encontrar grandes quantidades de canas mortas em algumas de suas áreas. Os danos foram logo associados à presença da Cigarrinha-das-raízes (Mahanarva fimbriolata), devido ao fato de a cana-de-açúcar estar seca, sintoma característico decorrente do ataque dessa praga. Foram realizadas três aplicações de inseticidas, porém, o problema persistiu. A situação ficou ainda mais confusa quando foram feitos levantamentos populacionais e o inseto em questão não fora encontrado.

Desorientados, os produtores ligaram para o consultor Álvaro Sanguino e pediram para que ele visitasse suas áreas a fim de que pudesse trazer luz à essa intrincada e importante questão. Após sucessivas análises laboratoriais, foi descoberto que o problema advinha, não de uma praga como havia se imaginado, mas sim de uma doença já velha conhecida do setor: o Colletrotrichum falcatum, causador da Podridão-vermelha.

Porém, mesmo com o resultado em mãos, Sanguino ainda não havia se convencido, pois as áreas infectadas possuíam níveis baixíssimos de Broca-da-cana (Diatraea saccharalis), praga que sempre foi associada a essa doença, cenário conhecido como complexo broca - podridão. “O Colletrotrichum falcatum sempre existiu, entretanto, era considerado, até então, como uma enfermidade secundária. Não que os prejuízos causados por ele sejam poucos, pois não são, mas porque seus maiores prejuízos ocorrem em associação com outros fatores estressantes, sejam bióticos ou abióticos. A associação mais comum é com a Broca que, ao perfurar o colmo, abre caminho para a entrada do fungo.”

E era por causa desses fatores que o cenário dos canaviais do Triângulo Mineiro ainda era incerto, já que os colmos infectados não possuíam nem mesmo sinais de perfurações causadas pela Broca. “Outro fato que me chamou atenção foi a quantidade de canas adultas que estavam mortas e podres”, conta Sanguino.

Foi então que veio o estalo. Com o fim da queima da palha da cana e o início dos processos de colheita mecanizada de cana crua, o Colletrotrichum falcatumhavia começadoa se multiplicar nos restos de cultura, aumentando o potencial de inóculo que existia no campo, criando, assim, uma nova “raça”, mais agressiva, e que não precisa da Broca, ou de nenhuma outra praga, para penetrar na cana-de-açúcar.

“A não ser por altas infestações de Broca, nós nunca tivemos uma epidemia provocada por Podridão-vermelha. Dessa forma, o fato de a doença estar se alastrando, mesmo sem a presença da praga, é um grande problema, já que, como não havíamos registrado até então nada parecido, não sabemos como será a reação das variedades.”

 


Fonte: CanaOnline

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