Alta do preço da libra-peso e do dólar marcam o mercado futuro de açúcar de Nova Iorque
Sexta-feira fechou com libra peso do açúcar na casa dos 13 centavos de dólar por libra-peso e dólar o cotado a R$ 5,5600
*Arnaldo Correa
O mercado futuro de açúcar em Nova Iorque encerrou o pregão de sexta-feira, com os dois primeiros vencimentos, outubro/20 e março/21 valorizando 26 e 15 pontos respectivamente, fechando a 13.03 e 13.53 centavos de dólar por libra-peso.
O dólar se valorizou em relação ao real em mais de 5% na semana, encerrando cotado a R$ 5,5600. Com isso, abre espaço para a elevação do preço da gasolina e consequentemente melhora o preço do etanol eventualmente estreitando a arbitragem com o açúcar. No entanto, pelo fechamento do etanol B3 (antiga BM&F) o hidratado negocia aproximadamente a 200 pontos de desconto em relação ao açúcar em NY.
Devido à seca, a Tailândia espera a maior redução na produção de açúcar ao longo de uma década. Os números mostram uma produção entre 7.1 e 7.25 milhões de toneladas. No entanto, com o Brasil retomando parcialmente sua fatia de mercado e o covid-19 responsável por uma retração no consumo mundial de mais de 3 milhões de toneladas de açúcar, difícil acreditar que os preços do açúcar em Nova Iorque podem reagir de maneira positiva à situação daquele país.
Os números divulgados pela UNICA referentes à primeira quinzena de setembro/2020 apontam para uma produção acumulada de açúcar de 29 milhões de toneladas, um acréscimo de 45% em relação ao mesmo período da safra passada. Nas cinco últimas safras, a produção total de açúcar acumulada na primeira quinzena de setembro representou em média 72.9% do total de açúcar produzido naquele ano safra. Se tomarmos as últimas dez safras, a diferença não é tão grande: 71.8%. Dessa forma, podemos inferir que a produção total de açúcar será de quase 40 milhões de toneladas?
Não, não dá para usarmos essa lógica, pois a moagem vai sofrer enorme redução – segundo muitos agrônomos – a partir do final de outubro. A estimativa da Archer Consulting para esta safra, publicada em 11 de abril de 2020, apontava para 35.8 milhões de toneladas de açúcar. O mercado acredita hoje em mais de 37 milhões de toneladas.
Semana que vem expira o contrato de setembro de 2020 e com ele as especulações acerca da entrega. O mercado fala entre 1.0 e 1.5 milhão de toneladas de açúcar. O mercado físico de exportação assistiu a uma melhora do basis, segundo alguns corretores, estreitando 10-15 pontos.
Os fundos compraram mais de 35,000 lotes na semana atingindo uma posição comprada, com base na terça-feira passada, de 172,279 contratos. No período o mercado subiu 81 pontos, ou aproximadamente 438 contratos para cada ponto de elevação. Antes, os fundos precisariam de mais lotes para conseguir mover o mercado dessa maneira. Isso mostra, ou pelo menos parece mostrar, que os fundos encontram menos resistência (menos vendas sendo feitas?) na subida ou as usinas estão receosas que problemas climáticos possam afetar a próxima safra. Apenas conjecturando.
*Arnaldo Correa, diretor da Archer Consulting
Fonte: CanaOnline