Ano desafiador para o setor sucroenergético, mas quanto mais açúcar melhor, aponta relatório do Itaú/BBA
Cenário é melhor par quem produz açúcar e para os que conseguirão carregar os estoques de etanol para a comercialização em um período de maior consumo do biocombustível
A equipe de agronegócio do Itaú BBA apresentou nesta quinta-feira (4) de forma online, sua análise sobre diversas commodities agrícolas, entre elas a cana-de-açúcar e seus produtos açúcar e etanol.
De acordo com análise do Itaú BBA, as margens para as usinas do setor tendem a ser impactadas este ano pelo cenário de preços mais desafiadores para o etanol. No entanto, as performances devem ser melhores para os players que possuem uma maior participação de vendas de açúcar no mix de produtos, e que também conseguirão carregar os estoques de etanol para a comercialização em um período de maior consumo do biocombustível. É válido ressaltar que uma parcela muito relevante da produção esperada de açúcar, que será exportada na safra 2020/21, já foi fixada com preços ao redor de R$ 1300/t, patamares remuneradores para a grande maioria das usinas
Dado esse contexto, e levando em consideração as diferentes condições financeiras das empresas e, portanto, da capacidade de carregar estoques – que também pode ser limitada pela existência de capacidade física –, é bastante provável que tenhamos mais um ano-safra marcado por uma grande dispersão de resultados. Dado o cenário de maior carregamento de etanol para venda no final da safra e da entressafra, e dado o aumento esperado das exportações de açúcar, cujos prazos de recebimento da venda do produto são bem superiores ao da comercialização do etanol, as empresas terão uma pressão maior por capital de giro.
Além disso, não se pode descartar a hipótese de que ocorra algum atraso logístico, devido à concorrência com as exportações de soja e milho e também por reduções operacionais nos portos de destinos ou locais, causado pelo coronavírus.
É válido destacar que as usinas que possuem maior flexibilidade de mix, o hedge do açúcar pode ser entendido como um instrumento de fixação do valor do ATR, que também pode ser utilizado para a produção de etanol. A fixação do açúcar a R$ 1.500/t, por exemplo, equivale a hedgear um etanol equivalente a R$ 2,18/l.
Outro ponto de atenção para as empresas do setor, que também poderá afetar a necessidade de capital de giro, diz respeito aos impactos que a crise traz tanto para clientes quanto para fornecedores, uma “queda de braços” que pode desencadear pressão por aumento de prazo de pagamento por parte dos primeiros e de redução pelos segundos, diante de suas próprias dificuldades de giro e percepções de risco
Usinas com endividamento em dólar também veem seus balanços mais alavancados por conta da desvalorização do real, trazendo um desafio adicional para a gestão financeira. Olhando para as safras seguintes, e tendo em vista o ambiente de incertezas, é importante que as usinas fiquem atentas às oportunidades de fixação de preços futuros do açúcar com vistas a minimizar os riscos. No momento de preparo deste material, o valor do açúcar para julho de 2021 e 2022 poderia ser hedgeado a R$ 1.440/t e R$1.500/t, respectivamente, preços bastante remuneradores.
Fonte: CanaOnline com informações equipe de agronegócio do Itaú BBA