Após robotizar produção, UISA vai rastrear açúcar vendido no varejo
A UISA (antiga Usinas Itamarati), começou a adotar na safra passada (2020/21) uma tecnologia de automação robótica de processos (RPA) em seus processos produtivos, por meio de um robô chamado Sugar. Nesta temporada (2021/22), a empresa pretende estender as vantagens oferecidas pela ferramenta em sua relação com os consumidores finais de açúcar, com a rastreabilidade completa do produto vendido nas gôndolas dos supermercados já a partir deste mês.
"Estamos de olho na tokenização -- blockchain. Queremos que os nossos clientes comprem o açúcar no supermercado e que, por meio de um QR Code, tenham o histórico de todo o caminho e origem do produto", afirmou Rodrigo Gonçalves, diretor de tecnologia da informação, em comunicado.
A companhia já vem usando o Sugar em seus processos internos, especificamente nos departamentos de recursos humanos, financeiro, industrial, agrícola, tecnologia da informação, de suprimentos e logística.
Além de garantir automação de processos, o sistema fornece informações em tempo real para uma tomada mais rápida de decisões. Na última safra, segundo Gonçalves, a tecnologia respondeu por 15% do crescimento da receita da UISA, que alcançou R$ 1,2 bilhão.
O RPA é integrado a um chatbot que funciona no WhatsApp e foi implantado pela Quality Nextech, empresa especializada em auxiliar seus clientes no desenvolvimento de soluções digitais, integrações de serviços, automação de processos com RPA, outsourcing de TI e assessoria de governança, gestão de risco e compliance (GRC).
Canaviais digitais
Nos canaviais, a UISA tem 1.250 pontos de internet das coisas (IOT), com celulares para coleta de dados e apontamentos em aplicativos sobre perda de colheita, por exemplo. Já há mais de 40 processos robotizados. "Com o RPA, quando plantamos a cana, conseguimos acompanhar todo o processo, desde o preparo do solo até colheita, comercial e logística", afirma Gonçalves.
"Perguntamos tudo ao Sugar. Desde como estão as vendas de energia elétrica, informação da produção, fluxo de caixa diário, mensal, plano de vendas e metas de vendas, até eficiência. São dez indicadores, processos automatizados, tudo disponibilizado para os acionistas. Em cinco segundos a alta gestão recebe as respostas via Sugar", detalha.
O RPA permitiu, por exemplo, o aumento do número de carregamento de caminhões em 50%, de 30 para 45 por dia, sem aumentar o número de trabalhadores nem outros custos.
Segundo Gonçalves, a UISA pretende direcionar sua área de TI para o cliente final, enquanto a Quality Nextech deverá ficar responsável pelo dia a dia do RPA. "Queremos focar 100% no negócio e deixar o dia a dia para o parceiro. Vamos romper a barreira de TI voltada internamente e olhar exclusivamente para o nosso cliente final, afinal temos hoje RPA gerando informação de valor para o negócio e temos que extrair o melhor desta ferramenta", diz Rodrigues.
Automação avança no setor
A automação de processos internos vem avançando no segmento sucroalcooleiro e também está presente em empresas como a Tereos, que implementa desde 2018 o Programa 4.0. Na Usina Cruz Alta, por exemplo, o grupo francês conta com ferramentas digitais que diminuíram o tempo de espera dos funcionários para a entrada na indústria e para a retirada de equipamentos de proteção individual (EPI).
O uso de inteligência artificial também está otimizando processos, como o de controle da fermentação e destilação do etanol. Computadores monitoram dados de sensores e aplicam correções em tempo real antes que ocorram eventuais perdas. A tecnologia reduziu 90% da variabilidade do processo, diminuiu 12% do consumo de vapor na destilação, por exemplo.
Fonte: Valor Econômico
Texto extraído do boletim SCA