Biogás de cana-de-açúcar já gera renda para o setor sucroenergético, mas é só o começo
Coopcana, Raízen, Cocal e Adecoagro investem na produção de biogás, exemplo que deve ser disseminado no setor, pois se apresenta como um bom negócio.
Utilizadas como fertilizantes, a vinhaça e a torta de filtro, resíduos do processo industrial da cana-de-açúcar, ganham novos destinos no setor sucroenergético. Por meio de inovações tecnologias esses co-produtos estão sendo transformados em biogás, que pode ser usado na geração de energia elétrica de fonte renovável ou ser purificado (para remoção de boa parte do CO2), e transformado em biometano, utilizado como gás de cozinha ou para a substituição de óleo diesel em caminhões e máquinas agrícolas.
Para a transformação da vinhaça e torta de filtro em biogás é necessário instalar anexa à destilaria uma planta de produção de biogás. A empresa brasileira Geo Energética desenvolveu essa tecnologia e desde 2012 mantém uma usina a biogás de menor escala (10W) na Coopcana no noroeste do Paraná.
Em agosto de 2018, a Geo Energética teve sua atividade turbinada, é que a Raízen, joint-venture da Shell e da Cosan, aderiu a tecnologia da empresa paranaense e lançou a pedra fundamental do maior projeto de biogás do mundo. A planta de biogás da Raízen foi instalada na Usina Bonfim, unidade da empresa localizada em Guariba, SP.
A capacidade instalada da planta de biogás da Raízen é de 21MW e o potencial de produção de 138 mil MWh por ano, suficiente para iluminar uma cidade de 240 mil habitantes. E neste mês de agosto, a energia elétrica gerada pelo biogás da cana chega em escala ao mercado. A Aneel liberou a Raízen a iniciar a operação comercial de três turbinas de energia elétrica dessa sua planta de biogás, atendendo contrato de fornecimento de energia elétrica vencido em leilão público de 25 anos.
Torta de filtro também vira biogás
Além da produção de energia elétrica, outro grande interesse do setor na produção de biogás é transformá-lo em biometano e utilizá-lo em substituição do diesel na frota de caminhões e máquinas agrícolas, o que reduzirá o custo de produção e também irá contribuir para a descarbonização dos canaviais, resultando em mais créditos de descabonização (CBIOs), dentro do RenovaBio, política governamental de incentivos aos biocombustíveis.
A produção de biogás mostra-se como um bom negócio para o setor e acessível não só para grandes unidades sucroenergéticas, mas também para médias e pequenas – para uma usina que moa 1 milhão de toneladas de cana, a instalação do módulo de biogás o investimento gira em torno de R$ 20 milhões.
Mais essa alternativa de renda gerada pela cana começa a se difundir pelo setor. Primeiro foi a Coopcana, depois a Raízen e a próxima a estrear na produção comercial de biogás de cana-de-açúcar é a Usina Cocal, de Paraguaçu Paulista. Seu biogás será transformado em biometano e será distribuído pela GasBrasiliano. A previsão é que a planta de biogás da Usina Cocal passe a produzir em 2021.
O Grupo Adecoagro, com unidades em Minas Gerais e Mato Grosso do Sul também está investindo para ter sua planta de biogás. E o exemplo deve ser seguido por muitas empresas do setor, já que o biogás possibilita atuar em vários mercados: vender em posto, gerar energia em leilão, Geração Distribuída (GD), no mercado livre ou em substituição do diesel nos caminhões e máquinas agrícolas.
É um segmento que deve aumentar muito, afinal, hoje, no agronegócio brasileiro há um potencial de produção de biogás equivalente a todo o pré-sal brasileiro.
Fonte: CanaOnline