Brasil pode deixar açúcar de lado em acordo UE-Mercosul por carne e etanol
O Brasil se mostrou disposto a deixar o açúcar de lado no acordo comercial que está sendo negociado entre a União Europeia (UE) e o Mercosul em troca de incluir um acesso aos mercados de etanol e carne de novilho.
A possibilidade foi levantada durante uma rodada de contatos técnicos realizada na semana passada em Bruxelas. Segundo fontes da negociação, o Brasil não tomará iniciativa nem fará uma nova proposta até haver sobre a mesa um acordo sobre a carne de novilho e de etanol.
Apesar de o acesso ao mercado de açúcar também seja chave para o Brasil, as fontes indicaram que o país estaria disposto a "deixá-lo de lado" para conseguir abrir caminho para o etanol e a carne de novilho nas negociações com o bloco europeu.
Especialistas da UE e dos países do Mercosul – Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai – finalizaram na sexta-feira uma semana de contatos técnicos para preparar a próxima rodada de negociação de um acordo de associação, que acontecerá entre 2 a 6 de outubro em Brasília, com objetivo de acelerar o processo e firmar um acordo neste ano.
As fontes consultadas pela Efe indicaram que a rodada técnica foi positiva, ainda que tenha havido mais progresso em alguns pontos de discussão do que em outros.
Na última negociação em Bruxelas, o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes, disse compreender que há "assuntos sensíveis" para os europeus, como o mercado de alguns produtos agrícolas, mas disse que também há reticências do lado brasileiro para alguns bens industriais.
Nos contatos da última semana, o Brasil reiterou essa posição.
Segundo as fontes, tanto na UE como no Mercosul há vontade de promover um distanciamento de movimentos protecionistas, como o "Brexit", a saída do Reino Unido do bloco, e as políticas comerciais do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Após vários anos de estagnação, UE e Mercosul retomaram as negociações para um acordo de associação, que inclui um tratado de livre comércio, em 2010. Os dois lados já afirmaram a vontade de que as negociações terminem antes do fim deste ano.
O Brasil, que está na presidência rotativa do Mercosul, quer anunciar um acordo na reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) em dezembro, em Buenos Aires.
Fonte: Agência EFE