Bunge adia IPO no Brasil por excedente de açúcar e política de combustíveis
A Bunge informou nesta sexta-feira (15) o adiamento da listagem de sua unidade brasileira de açúcar e etanol em meio a um excesso de oferta global do adoçante e à errática política local para os preços dos combustíveis.
Em um comunicado, a gigante norte-americana de commodities agrícolas disse que está adiando a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Bunge Açúcar & Bioenergia devido a condições adversas de mercado.
A Bunge havia entrado com pedido no mês passado para abrir o capital da deficitária unidade brasileira, que tem lutado para reduzir uma dívida de 2,9 bilhões de reais em meio a um cenário de preços do açúcar perto de mínimas em anos.
O mais recente entrave à operação foi uma dramática reversão na política de preços dos combustíveis no Brasil, após uma greve de caminhoneiros contra a alta no diesel que paralisou a economia do país, segundo uma fonte com conhecimento do assunto.
Um congelamento de preços do diesel e cortes de impostos sobre o diesel levantaram preocupações de investidores de que o Brasil voltará a praticar pesados subsídios para combustíveis fósseis menos de um ano após ter passado a deixar os preços domésticos flutuarem de acordo com o mercado internacional.
Ao longo da década passada, subsídios para a gasolina no Brasil reduziram a lucratividade das usinas na produção de etanol, que compete com esses combustíveis nas bombas.
O IPO da unidade de açúcar da Bunge no Brasil não vinha sendo uma tarefa fácil para a companhia, mesmo antes da discussão sobre os subsídios aos combustíveis.
A unidade teve um prejuízo de 112 milhões de reais no primeiro trimestre, ante perda de 62 milhões de reais no mesmo período um ano antes, segundo o pedido de IPO.
Unidades de bancos de investimento do JPMorgan, do Itaú Unibanco e Banco Santander Brasil estavam trabalhando com a companhia no negócio.
Carolina Mandl e Tatiana Bautzer
Fonte: Reuters