Clima mais seco acende o alerta de incêndios nos canaviais
90% dos incêndios florestais são causados pelo ser humano, com inícios próximos a áreas urbanas, como margens de rodovias e locais de pesca
O outono com pouca chuva imprime um ritmo acelerado na safra canavieira 2020/21 na região Centro-Sul do Brasil. Sem chuva, não houve parada, as colhedoras não descansam e cobrem o solo com a palhada da cana. Esse clima mais seco acende o alerta de incêndios nos canaviais, que têm como combustível o colchão de palha. Para piorar, essa época é caracterizada por ventos com intensidade moderada, que ajudam a espalhar o fogo para novas áreas.
Embora o clima seco tenha papel fundamental para o início e alastramento do fogo, 90% dos incêndios florestais são causados pelo ser humano, com inícios próximos a áreas urbanas, como margens de rodovias e locais de pesca. Bitucas de cigarros jogadas acessas para fora dos carros, soltura de balões, fogueiras perto de matas, queima de lixo e o uso de velas em rituais religiosos são apenas alguns dos exemplos do uso inconsequente do recurso.
Incêndios como esses podem até não ser criminosos, mas têm origem em atividades inadequadas e perigosas, adotadas de forma inconsciente por grande parte da população. Entretanto, o aspecto criminoso ainda é o principal responsável pela maioria dos incêndios registrados em lavouras, sobretudo em canaviais.
Focos têm início, em sua maioria, na beira de estradas
Quando as chuvas se tornam escassas e a umidade do ar cai, sabe-se que é chegado o momento de dar início aos programas de prevenção e combate a incêndios. Um dos mais tradicionais no Estado de São Paulo é a “Operação Corta-Fogo”, ação coordenada pela Secretaria do Meio Ambiente para prevenir incêndios em rodovias, parques e áreas de proteção ambiental.
A operação atua em quatro frentes principais: prevenção, controle, monitoramento e combate. Trabalha também na conscientização da população - em parceria com as concessionárias das rodovias paulistas -, através da distribuição de folhetos e mensagens nos painéis, alertando, por exemplo, sobre os riscos de jogar bitucas de cigarros às margens das rodovias.”
As estratégias para a “Operação Corta-Fogo” incluem: aumento da estrutura dos polos – com direito ao uso de aeronave de asa fixa para o combate aos incêndios; implantação de planos de prevenção e combate; fortalecimento das brigadas municipais; realização de oficinais regionais e firmamento de parcerias com o setor sucroenergético, por meio do protocolo “Etanol Mais Verde”, para auxílio nos casos de incêndios.
O fogo não combina mais com a cana
Incêndios levam à colheita antecipada do canavial, ou até matam a cana-soca levando ao replantio das áreas
A maior parte do setor canavieiro já virou a chave para a mecanização da colheita e abandonou a prática da queima. Tomando o estado de São Paulo como exemplo, praticamente 100% da colheita é de cana crua e feita com o uso de máquinas, seguindo direcionamento do protocolo “Etanol Mais Verde”, que deu continuidade ao Protocolo Agroambiental de 2007. Esse novo pacto, assinado em junho de 2017, conta com 10 diretivas técnicas que devem ser seguidas pelas usinas e fornecedores signatários. Entre elas, destacam-se a eliminação da queima e a prevenção e combate aos incêndios florestais. As signatárias do protocolo são responsáveis por, aproximadamente, 98% da produção paulista. São 4.819.860 hectares (23,5% da área agricultável do Estado) compromissados com boas práticas agroambientais.
Fonte: Nova Cana