Colletrotrichum falcatum é suscetível em, praticamente, todas as variedades de cana
A doença Colletrotrichum falcatum cresceu no Triângulo Mineiro e hoje já é fonte de preocupação em, praticamente, todas as usinas daquela região. Mas ela não ficou restrita ao Estado de Minas Gerais. Relatos já indicam sua presença em Goiás, Mato Grosso do Sul, no Oeste Paulista e, mais recentemente, na região de Sertãozinho, SP. “Por ser estritamente de solo, esse fungo sobrevive e se multiplica na Matéria Orgânica e na palhada, sendo que sua disseminação para outras áreas pode ocorrer pelo vento, água da chuva e por mudas infectadas”, explica o pesquisador Álvaro Sanguino.
Nos últimos anos, Álvaro Sanguino conta que tem recebido vários chamados, em diversas regiões, para analisar áreas possivelmente infectadas com o Colletrotrichum falcatum. “O que tenho notado, até então, é que essa doença não escolhe variedade, atacando qualquer tipo de material.”
O consultor explica que, atualmente, não existem variedades resistentes a essa doença, fazendo com que a maioria dos materiais presentes no mercado sofram perdas significativas decorrentes da presença desse patógeno. “Com base no que tenho visto, existem algumas variedades que são mais propensas a serem infectadas e outros menos, mas nenhuma é imune.”
Segundo ele, as variedades mais sintomáticas (com mais de 20% dos colmos atacados) são: SP81-3250; RB867515; CTC15, RB855156; RB855453 e IACSP95-5000. Já as variedades intermediárias (que possuem de 2% a 5% de colmos infectados) são: CTC17; CTC20 e RB966928. Por fim, os materiais menos sintomáticos (com menos de 2% de colmos infectados) são: RB92579 e CTC9003.
Sanguino conta que o alastramento da doença para tantas variedades pode ter um motivo: o surgimento do Colletrotrichum falcatum se deu em cima da SP81-3250, material que está sendo amplamente substituído ao longo dos últimos anos devido a sua susceptibilidade a ferrugem alaranjada. Com isso, muitos produtores e usinas estão plantando os novos cultivares sobre a palhada infectada da 3250. “É fato que uma grande maioria dos materiais está sendo atacado, só não sabemos quanto e quais. Isso torna extremamente perigoso o plantio de uma variedade, pois, imagina se plantarmos, sem saber, uma cultivar que seja tão suscetível quanto a 3250, que pode chegar a registrar 45% de colmos mortos.”
Fonte: CanaOnline