Comércio exterior sinaliza leve melhora da atividade
O superávit comercial de US$ 4,5 bilhões em julho, de US$ 28,2 bilhões nos primeiros sete meses do ano e de US$ 43 bilhões em 12 meses é alto o bastante para assegurar um saldo muito favorável do comércio exterior em 2016. Mas é a tendência de queda mais moderada das importações que desperta atenção, indicando saldo menor à medida que o ritmo da atividade econômica dê sinais de melhora.
As importações de US$ 11,7 bilhões em julho foram 3,6% menores que as de junho e 20,3% inferiores às de julho de 2015, mas a queda foi muito mais forte entre os primeiros sete meses deste ano (27,6%). E quando se comparam os últimos 12 meses, até julho, com os 12 meses anteriores, o recuo das compras no exterior foi de 29,4%, de US$ 202,8 bilhões para US$ 141,5 bilhões.
Os indicadores sugerem que o pior da crise está passando e que o consumo de importados chega ao fundo do poço. As importações caíram muito com a recessão, mas foram favorecidas pela valorização do real nas últimas semanas. Pode-se esperar, portanto, leve aumento das compras no exterior que foram de apenas US$ 580 milhões por dia útil no mês.
Com mais importações, será suavizada a queda na corrente de comércio (exportações mais importações), melhor medida da pujança comercial.
As exportações de US$ 777 milhões por dia útil em julho foram 2,2% superiores às de junho, mas caíram 3,5% em relação a julho de 2015. A queda decorreu dos preços de commodities como minérios de ferro e cobre, café, soja e milho em grão, além de carnes suína e bovina. Cresceu, em julho, o peso relativo da exportação de industrializados, tanto semimanufaturados, como açúcar em bruto, ferro-ligas e ferro fundido, ouro e madeira serrada; quanto manufaturados, como automóveis, açúcar refinado, tubos flexíveis de ferro e aço, etanol, motores para veículos e partes e veículos de carga. Mas também pesou a exportação fictícia de uma plataforma de petróleo de US$ 923 milhões que não saiu do Brasil.
Fortalecer o comércio exterior é tarefa desafiadora, pois implica superar muitos obstáculos. Tributação e custos de infraestrutura muito altos dificultam as vendas. E ante o baixo ritmo de crescimento econômico dos principais importadores, o País parece depender de fatores pontuais, como a maior demanda dos países da União Europeia ou o acordo com os Estados Unidos sobre carnes.
Fonte: O Estado de S. Paulo