Notícia

Como controlar as plantas daninhas nos canaviais na época úmida

Como controlar as plantas daninhas nos canaviais na época úmida

As principais espécies favorecidas neste período são as chamadas fisiologicamente de C4, ou seja, são aquelas que não apresentam saturação luminosa para produção de fotossíntese

Como qualquer outra planta, a cana-de-açúcar gosta, e se beneficia, das chuvas (desde que distribuídas corretamente), pois elas motivam um crescimento rápido, maior alongamento e ampla formação de entrenós. Entretanto, da mesma forma que a cana, as plantas daninhas também gostam desse período, já que, durante a época úmida, as condições climáticas, tais como umidade, temperatura e luminosidade, são mais favoráveis, influenciando diretamente na germinação, desenvolvimento e crescimento dessas ervas.

As principais espécies favorecidas neste período são as chamadas fisiologicamente de C4, ou seja, são aquelas que não apresentam saturação luminosa para produção de fotossíntese. Nesse grupo, destacam-se a Tiririca, os capins e as folhas largas de difícil controle, como a Mucuna, Mamona, Merremias e Ipomeias.

Portanto, o produtor deve redobrar sua atenção nesse período, pois, segundo trabalhos científicos, as plantas daninhas podem reduzir até 42% da produção de cana por hectare durante a época úmida do ano. Isso ocorre, principalmente, devido às características de agressividade dessas plantas, como grande produção de sementes, alta capacidade de extrair nutrientes e água do solo e rápido crescimento.

Com a expansão da cultura da cana-de-açúcar para grandes áreas, surgiu a necessidade de aplicar herbicidas tanto no período seco quanto no chuvoso, inclusive para poder aproveitar melhor a estrutura operacional das máquinas. Porém, as aplicações em cada uma dessas duas épocas apresentam tanto vantagens quanto desvantagens.

A maioria das aplicações de herbicida é realizada no período úmido, iniciando em outubro e se estendo até o meio de janeiro, pois, caso contrário, não terei tempo hábil para a operação. Porém, uma das maiores dificuldades desse período é em relação ao timing de aplicação. No começo do ano, a soca demora mais para rebrotar, dessa forma, há mais tempo para trabalhar em pré-emergência. Já no final do ano, é o contrário, sendo que tanto a cultura quanto as plantas daninhas surgem com mais incidência, fazendo com que a janela seja bem mais curta.

O professor associado 3, do Departamento de Produção Vegetal da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da Universidade de São Paulo (USP), Pedro Jacob Christoffoleti, aponta que, durante o período úmido, a ativação do produto ocorre imediatamente após sua aplicação, devido à presença de umidade no solo. Além disso, nessa época, a cana apresenta um crescimento mais rápido, sendo que o fechamento do canavial também ocorre de forma mais veloz, fazendo com que o herbicida não precise de um residual tão longo.

“Por outro lado, na estação chuvosa, as plantas daninhas têm germinação e emergência mais rápida, fato que exige o correto timing da aplicação e, muitas vezes, a associação de herbicidas com ação em pré e pós-emergência.” O pesquisador afirma que, por conta disso, a atenção na hora de formular a dose deve ser redobrada, pois doses erradas podem causar alta toxicidade à cultura.

Uma das técnicas que vem ganhando espaço é o PPI (Pré-Plantio Incorporado), de 60 a 30 dias antes do plantio, com o objetivo de atenuar a pressão do banco de sementes. A maior preocupação é com a instalação do canavial, pois é isso que irá segurar a produtividade dos cortes subsequentes.

Com relação à aplicação no período seco, as vantagens incluem o não acúmulo de áreas para as aplicações na época úmida, a otimização de pessoal e maquinário e um maior auxílio no planejamento da safra. “Porém, nesse período, os herbicidas precisam ser aplicados em doses maiores (15 a 20% acima do normal), devendo possuir, também, grande residual de, pelo menos, 120 a 150 dias”, afirma Christoffoleti.

 

 

Fonte: CanaOnline

Notícias relacionadas: