É preciso sair da zona de conforto para vencer a batalha contra as plantas daninhas que infestam os canaviais
As plantas daninhas evoluem, por isso, o setor precisa se abrir para novos produtos mais eficientes, seletivos, com baixa toxidade e que provocam menos injúrias
Estimativas apontam que, durante o período úmido e quente o mato pode diminuir em até 42% a produção de cana por hectare. Pedro Jacob Christoffoleti, professor e consultor, que trabalhou durante 30 anos como docente e pesquisador na área de biologia e manejo de plantas daninhas, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da Universidade de São Paulo (USP), observa que o produtor necessita produzir mais com menos, porém, a existência de plantas daninhas impede que se consiga explorar o potencial dos insumos que aumentam a produtividade, reduz a eficiência das variedades, dificultam o crescimento da cultura, competem por água, luz e nutrientes.
Christoffoleti salienta que na cana-de-açúcar houve mudança no ambiente de produção, o fogo não faz mais parte da cultura, e as plantas daninhas se adaptaram rapidamente e essa nova realidade. “As folhas largas, as trepadeiras, que no passado pouco figuravam nos canaviais, passaram a ser importantes na estratégia de controle de daninhas na cana. Atualmente, 26% das recomendações de herbicidas são feitas para essas espécies e 74%, para as gramíneas”.
A mamona, merremia, mucuna e cordas, são as principais folhas largas que se alastram pelos canaviais. São consideradas um problema, pois são de difícil controle. Mas não são o único desafio para deixar os canaviais no limpo, o setor passou a enfrentar uma batalha contra as plantas daninhas resistentes a herbicidas.
Diversos fatores influenciam na resistência das daninhas, como a aplicação incorreta de herbicidas, promovendo a seleção em campo, e a falta de novas tecnologias de manejo o que dificulta a rotação de moléculas. O pesquisador comenta que, mesmo com as tecnologias de controle de daninhas existentes, a média de perda de produtividade pela presença de mato é de 15%. “No entanto, nas minhas viagens pelo país, tenho encontrado casos de até 40% de perda, o que inviabiliza o negócio.
Christoffoleti observa que as plantas daninhas evoluem, para controlá-las as tecnologias também precisam evoluir. “Não podemos mais utilizar velhos métodos para controlar novos problemas, precisamos de soluções disruptivas. Não estou dizendo que as tecnologias disponíveis não são eficazes no controle das daninhas. São, mas não para as plantas daninhas resistentes”, afirma.
O professor salienta que as empresas de defensivos químicos estão investindo em pesquisas e oferecem ao setor novos produtos, mais eficientes, seletivos, que provocam menos injúrias e que são 100% seguros, desde que utilizados dentro das recomendações da bula.
O que também chama a atenção nos novos herbicidas, segundo Christoffoleti é a baixa toxicidade. Atendendo às exigências do consumidor que valoriza produtos agrícolas que não agridem o ambiente. Tanto que, entre os critérios das certificadoras está a baixa toxicidade dos produtos. Na cana-de-açúcar, a principal certificadora é a Bonsucro e um de seus itens de avaliação é a quantidade de herbicidas utilizada por hectare. Hoje são exigidos que no máximo se utilize cinco quilos do princípio ativo por hectare no ciclo da cana. E há boas opções no mercado que apresentam uma quantidade muito pequena de produto ativo, contribuindo para o setor atender os critérios das certificadoras e do mercado.
Fonte: CanaOnline