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Ele queria obrigar abastecimentos com etanol. Mas não vai ser bem assim

Ele queria obrigar abastecimentos com etanol. Mas não vai ser bem assim

Um projeto apresentado ainda em março na Assembleia Legislativa do Paraná vinha bem a calhar para uma indústria: a de etanol. Apresentado pelo deputado Fernando Scanavaca, a ementa buscava obrigar o abastecimento com etanol dos veículos flex de órgãos públicos estaduais.

Segundo o autor do PL 172/2018, a ideia principal era favorecer o meio ambiente, já que combustível é menos poluente que a gasolina. Mas o projeto deixava claro que fomentaria a economia paranaense “onde além do investimento para plantio de cana, ainda existem 30 usinas para produção de derivados da cana, entre eles o etanol”.
“Seria um grande ganho ambiental. A ideia era fazer uma campanha que não visse apenas o preço, que por causa de 10 centavos só coloca ‘lucro para os turcos’, enquanto a indústria [da cana] está passando por crise e perdendo mercado”, afirma Scanavaca.

O ganho para o segmento não seria baixo. Atualmente, o Governo do Estado dispõe de 18.563 veículos oficiais, com custo aproximado de R$ 6,5 milhões, conforme dados da Secretaria da Administração e da Previdência.

“Já tínhamos um pleito antigo sobre essa questão, mas não é um benefício só do setor, é de toda sociedade. Não tenho um percentual estimado do ganho com a frota, mas em redução de efeito estufa teria um volume significativo”, reforça Miguel Rubens Tranin, presidente da Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná – Alcopar.

Aprovado tudo como era antes
O projeto tinha tudo para ser aprovado. Passou pelas comissões de Justiça, Meio Ambiente e até pela de Finanças. Mas quando chegou ao plenário, precisou dar um passo atrás.

“Aí entraram os desembargadores no plenário, disseram que seria inconstitucional. Não adiantava nada [argumentar]. Então achei melhor ceder um pouquinho”, recorda o deputado.

O projeto voltou com a troca do termo “ficam obrigados” por “devem priorizar o abastecimento de veículos flex com etanol”. Novamente a emenda passou pelas comissões até que, enfim, foi aprovado em plenário no início de julho.
“Precisamos sempre ter o foco da economicidade. Em razão disso, estaremos atentos para identificar e utilizar o combustível que traga esse benefício ao Estado”, afirmou Fernando Ghignone secretário da Administração e da Previdência, em email à Gazeta do Povo via assessoria de imprensa da secretaria.

Falta agora a Governadora Cida Borguetti sancionar a ideia que, na prática, em pouco vai mudar o abastecimento, já que os motoristas do governo continuarão a ter liberdade de opção. E a indústria do etanol vai continuar disputando a vaga com a gasolina nas bombas que abastecem os veículos do governo.


Fonte: Gazeta do Povo

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