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Em recuperação judicial, grupo usineiro demite 800 funcionários no interior paulista

Em recuperação judicial, grupo usineiro demite 800 funcionários no interior paulista

Afetada pela crise do setor, decorrente do baixo preço do açúcar e do controle nos preços do etanol, companhia enfrenta dificuldades

José Maria Tomazela

SOROCABA – As demissões nas usinas do grupo sucroalcooleiro Renuka do Brasil, que está em processo de recuperação judicial, já somam 800 empregados, segundo os Sindicato dos Trabalhadores da Indústria e Fabricação de Álcool (Sindalco), com sede em Araçatuba.

Até esta quarta-feira, 6, tinham sido dispensados cerca de 400 trabalhadores da Usina Madhu, em Promissão, e outros 400 na Usina Revati, em Brejo Alegre, ambas na região noroeste do Estado. As demissões coincidem com o período de entressafra da cana-de-açúcar, mas, conforme o Sindalco, os funcionários foram informados de que a usina Revati não vai operar na próxima safra.

Os demitidos em Brejo Alegre ainda aguardam a homologação das dispensas e o pagamento das verbas rescisórias. De acordo com o sindicato, a empresa propôs parcelar os pagamentos em até oito meses. A unidade, com capacidade para moer quatro milhões de toneladas por safra, está em operação desde 2008. Na usina Madhu, que funciona desde 1981 e tem capacidade para outras seis milhões de toneladas, as dispensas começaram há dois meses e geraram impacto na economia da cidade de Promissão.

Segundo a Associação Comercial, houve queda de 20% nas vendas. “O comércio da cidade gira é influenciado pelos trabalhadores da usina e já vinha sendo afetado pelo corte de horas extras que antecedeu as demissões”, disse o presidente Wilson Coutinho.

As usinas foram adquiridas pela empresa indiana Shree Renuka Sugar em 2010. Afetada pela crise do setor, decorrente do baixo preço do açúcar e do controle nos preços do etanol, em 2015 a Renuka do Brasil entrou em processo de recuperação judicial. No ano seguinte, os credores aprovaram um plano para o leilão da Madhu, mas não houve compradores. Este ano, foi proposto o leilão da Revati, sem pendências para o comprador, mas a venda foi suspensa a pedido do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), titular de garantias hipotecárias em relação à empresa.

Áreas arrendadas para o plantio de cana-de-açúcar na região de Brejo Alegre já foram devolvidas aos donos. A suspensão do leilão da Revati, obtida através de liminar, aguarda julgamento no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). A reportagem entrou em contato com a Reduka e, conforme orientação da assessoria, enviou os questionamentos por e-mail. A empresa não se manifestou no prazo acertado.

Outro caso. No dia 13 de novembro, um dia após a entrada em vigor da reforma trabalhista, o grupo Raízen demitiu 250 trabalhadores e suspendeu temporariamente as operações da Usina Tamoio, em Araraquara. O Ministério Público do Trabalho (MPT) acionou a justiça alegando falta de negociação prévia com o sindicato – o que a nova lei já não exige. A Vara do Trabalho local considerou que esse item da reforma trabalhista fere princípios constitucionais e determinou a readmissão dos empregados.

A empresa recorreu ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), que manteve as demissões. Em audiência de conciliação realizada nesta quarta-feira, no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), em Campinas, a empresa não aceitou a proposta de reintegração dos dispensados. Uma contraproposta será apresentada em nova reunião, ainda sem data marcada.


Fonte: O Estado de S. Paulo

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