Estiagem murcha o canavial e setor se preocupa com meio e final de safra
No momento, colheita está sendo feita com bons níveis de TCH. No entanto, expectativa é de quebra para os próximos meses em função da estiagem registrada a partir de março no Centro-Sul
Leonardo Ruiz
O início da safra 2019/20 no Centro-Sul foi bastante promissor. Usinas e fornecedores vinham colhendo uma cana-de-açúcar vigorosa, com bons índices de produtividade e qualidade. Reflexo de um verão com condições climáticas altamente favoráveis ao amplo desenvolvimento dos canaviais. A partir de março, porém, os níveis de precipitação despencaram. As chuvas foram embora levando consigo a esperança de um ciclo mais produtivo, já que a expectativa agora é de quebra na produção.
A Tereos Açúcar & Energia Brasil, uma das líderes mundiais na produção de açúcar, etanol, iniciou a safra 2020/21 batendo recordes. No dia 14 de maio, as sete unidades industriais da empresa, localizadas na região noroeste do estado de São Paulo, registraram um recorde histórico de moagem diária de cana-de-açúcar de 119,4 mil toneladas.
O gerente executivo de desenvolvimento agrícola corporativo da Tereos, José Olavo Bueno Vendramini, acreditava que a safra 2020/21 se assemelharia a de 2013/14, quando a companhia alcançou excelentes patamares produtivos. “Ao longo de 2019, registramos um baixo volume de chuvas, mas que deu boas condições para as soqueiras. Posteriormente, as chuvas de verão vieram e alavancaram de vez o desenvolvimento dos canaviais. Tudo isso resultou num início de ciclo extremamente satisfatório, com alta produtividade e ATR (Açúcar Total Recuperável).”
No entanto, Vendramini se diz temeroso com relação aos próximos meses. Com pouca pluviosidade nos meses de março, abril e maio, a expectativa agora é de quebra na produtividade. “No começo do ano, estávamos esperando um volume de produção até maior do que o estimado inicialmente. Porém, no momento acreditamos que a safra deva fechar com números semelhantes aos registrados em 2019/20.”
Mas não são apenas as usinas que estão preocupadas com o andamento da safra. Os fornecedores de cana também estão céticos com relação ao futuro. Paulo Rodrigues, grande produtor e diretor da Fazenda Santa Izabel, localizada no município de Guariba/SP, afirmou que a curva de desenvolvimento dos canaviais deu uma guinada nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro em função das boas condições climáticas.
“A perspectiva era de uma safra muito boa. Porém, a partir de março, observamos um mergulho significativo na curva de massa. O canavial foi murchando e as variedades mais sensíveis, desaparecendo. Começamos 2020 bem, mas esperamos uma quebra significativa em TCH daqui para a frente.”
Fonte: CanaOnline