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Etanol de milho pode corresponder a 50% da produção no Mato Grosso em 2020

Etanol de milho pode corresponder a 50% da produção no Mato Grosso em 2020

A partir de 2020 deverá ser possível ver um equilíbrio entre a produção de etanol de cana-de-açúcar e milho em Mato Grosso, ou seja, cada cultura será responsável por 50% do biocombustível produzido nas usinas no estado. A previsão é do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso (Sindalcool-MT).

Mato Grosso produz, atualmente, 1,85 bilhão de litros de biocombustível por ano, contando com 11 indústrias instaladas, que utilizam como matéria-prima cana-de-açúcar e milho. Além disso, duas plantas devem ser inauguradas no segundo semestre de 2019 e ao menos outros dois projetos começam a ser construídos neste ano.

A expectativa é que o estado atinja a marca de 5 bilhões de litros de etanol em cinco anos. O volume deve ser alcançado pela grande oferta de milho no estado, bem como pelo incentivo criado pelo RenovaBio. Por enquanto, de acordo com o Sindalcool-MT, entre 60% e 70% da produção ainda é oriunda da cana-de-açúcar.

Para a safra 2019/2020, conforme o diretor-executivo do Sindacool-MT, Jorge dos Santos, com a entrada da operação das usinas previstas para o segundo semestre a produção total de etanol pode atingir algo em torno de 2,3 bilhões e 2,5 bilhões de litros. A safra considera o período de 1º de abril a 31 de março.

“A partir de 2020 se poderá ver um equilibro na produção de etanol de 50% de cana-de-açúcar e 50% de milho diante a entrada de novas usinas”, diz Santos.

Das 11 usinas ativas, somente a FS Bioenergia, em Lucas do Rio Verde, utiliza apenas o milho como matriz energética. Entretanto, estão previstas para iniciar as operações outras três usinas no segundo semestre de 2019: a segunda unidade da FS Bioenergia, em Sorriso; a Inpasa, em Sinop; e a Etamil, em Campo Novo do Parecis.

Além disso, a FS Bioenergia anunciou que iniciará em breve as obras de uma unidade em Nova Mutum e que já conta com projetos para Primavera do Leste e Campo Novo do Parecis. Há ainda o projeto Ethanol Bioenergia, também em Nova Mutum, do grupo mato-grossense O+ Participações em conjunto com a paraguaia Inpasa.

Alternativa para o produtor

De acordo com o presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Ricardo Tomczyk, em entrevista ao Mato Grosso Agro, o uso do milho para a produção de etanol é uma alternativa a mais de comercialização para o produtor rural mato-grossense.

“Temos a criação de uma demanda de milho que não existia em Mato Grosso. É uma demanda crescente que tem garantido estabilidade de preço em algumas praças aqui do estado. Nós tínhamos uma oscilação muito grande de valor da saca do milho entre uma safra e outra e algumas praças onde essas plantas grandes estão locadas já há estimativa de estabilização do preço durante o ano”, disse.

Dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) revelam para a safra 2018/19 um volume estimado de 31,943 milhões de toneladas de soja para o estado e de 28,782 milhões de toneladas de milho 2ª safra. Ao se verificar os volumes produzidos no ciclo 2016/17 se vê uma aproximação cada vez maior, uma vez que naquele ciclo 31,271 milhões de toneladas em soja foram colhidas e em milho 30,451 milhões de toneladas, ou seja, uma diferença de apenas 820 mil toneladas.

Ao ser questionado quanto a possível superação da produção do milho ante da soja o presidente da Unem afirma que isso pode ocorrer em cerca de cinco anos. “As produções já estão bastante parecidas e a estabilização dessa demanda com certeza é um incentivo a mais para a produção do milho”.

Valor ao consumidor

De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o litro do etanol nos postos de combustíveis de Mato Grosso é o mais barato do país. Levantamento realizado em 160 postos no estado entre 31 de março e 06 de abril revela um valor médio de R$ 2,611 o litro, seguido de Goiás a R$ 2,731 e São Paulo de R$ 2,764. A maior média encontrada foi no Rio Grande do Sul a R$ 4,107 o litro.

Apesar disso, o consumidor do estado ainda acha o etanol “caro” por existirem diversas usinas produtoras do biocombustível e não haver mais entressafra na produção devido ao uso do milho.

“É uma soma de fatores para isso. O milho, por exemplo, é uma commodity internacional. Ele varia de acordo com o mercado. Os custos da cana-de-açúcar são cada vez mais altos e por isso ela não tem crescido. O óleo diesel que varia. Eu costumo dizer que o custo é sempre a soma destes pequenos detalhes”, explica Jorge dos Santos.

Viviane Petroli

 

Fonte: Nova Cana

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