Fornecedores de cana da Usina São Fernando lamentam a demora na venda da usina
A grande distância entre outras usinas e a cana do fornecedor da São Fernandotorna economicamente inviável a venda da matéria-prima.
Não adianta plantar cana se não tiver usina próxima para moer. Essa é a realidade de muitos fornecedores de cana da Usina São Fernando, localizada em Dourados, MS. Considerada uma das unidades mais modernas construídas na última expansão canavieira (primeira década dos anos 2000), a Usina, virou drama para ex-funcionários e fornecedores de cana.
Ausina que era dos filhos do empresário José Carlos Bumlai, implicado na Lava Jato, e teve a falência decretada em junho, foi para leilão, mas não recebeu nenhum lance. O mais recente capítulo dessa novela, foi a desistência do grupo de investidores capitaneado pelo economista Winston Fritsch, reunidos no veículo de investimentos Pedra Angular, de adquirir a unidade em juízo
A Pedra Angular desistiu depois que o BNDES, um dos principais credores da usina, entrou com uma petição para que a unidade fosse vendida em leilão.A Pedra Angular queria que a proposta de aquisição fosse decidida pelo juiz da falência, Jonas Hass Silva Júnior, da 5ª Vara Cível de Dourados. Segundo informações do jornal Valor, no início deste semestre, Fritsch, Rodrigo Aguiar e Paulo Vasconcellos criaram a Pedra Angular e apresentaram uma proposta de R$ 890 milhões, que seria pago em 20 anos, sem garantias. Seriam pagos R$ 28 milhões anuais até o quinto ano e 15 parcelas de R$ 50 milhões do sexto ano em diante.Ao Valor, Aguiar disse que não queria entrar em conflito com os credores. Agora, ele e seus sócios avaliarão as condições apresentadas em um provável edital para decidir se entrarão na disputa ou não.
Aguiar ressaltou, porém, que a postergação da venda deprecia o ativo, já que a usina já está em entressafra, etapa em que costumam ser feitos os investimentos em maquinários e canaviais para preparar a unidade para a moagem da safra seguinte. “Muitos fornecedores de cana já vão ter encontrado outra usina para quem vender”, disse.
O problema, para muitos fornecedores, é que a grande distância entre seus canaviais e outras usinas inviabiliza economicamente a venda da cana. Sem a comercialização da matéria-prima, os produtores amargam o prejuízo e, mesmo sem quererem abandonar a lavoura canavieira, veem a soja como opção para ocupar os canaviais.
Com a retirada da proposta, a Usina São Fernando deve ir para um segundo leilão.
Fonte: CanaOnline