Geraldo Alckmin entrega os cinco primeiros pacotes de "pré-brotado IAC" a produtores rurais
Os cinco primeiros pacotes de "pré-brotado IAC" foram entregues a produtores rurais participantes do projeto +Cana, uma iniciativa do Programa Cana da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, por meio do Instituto Agronômico (IAC), em parceria com a Associação dos Fornecedores de Cana de Guariba (Socicana) e com a Cooperativa Agroindustrial (Coplana). A entrega foi feita pelo governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e pelo secretário de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim no estande da Secretaria na Agrishow 2017, em Ribeirão Preto, interior paulista.
A proposta é compartilhar a produção: o IAC faz a etapa de brotação da muda, considerada a mais crítica, oferecendo o material pré-brotado ao agricultor, que fará a aclimatação 1 e 2, dentro da propriedade, e finalizará o sistema de mudas pré-brotadas (MPB). "A ideia surgiu a partir do modelo de produção integrada já consolidado na avicultura, em que empresas do setor entregam os chamados 'pintinhos de um dia' a avicultores que ficam responsáveis pela engorda. Estamos fazendo algo parecido na cana: o IAC entrega a produtores as gemas pré-brotadas e os produtores terminam o processo de produção dessas mudas", explicou Mauro Alexandre Xavier, pesquisador do IAC.
Durante evento para entrega dos pré-brotados IAC, Arnaldo Jardim explicou a Geraldo Alckmin as vantagens no uso das MPBs na propriedade. "No plantio convencional se utiliza de 18 a 20 toneladas de cana para o plantio de um hectare. Esse consumo cai para de 1,8 a 2 toneladas de MPB para o plantio da mesma área", disse.
Na abertura da Feira, Arnaldo Jardim destacou os trabalhos desenvolvidos pelo Instituto Agronômico com cana-de-açúcar e anunciou os lançamentos para este ano de novas variedades com perfil nacional e adaptadas para o cultivo no Cerrado, ambiente com restrições hídricas.
O governador destacou os trabalhos desenvolvidos pelo Governo do Estado para o setor agropecuário e para a pesquisa.
Pré-brotados IAC
Os agricultores receberão esses pacotes de acordo com a necessidade de cada um, ao longo da execução do projeto de validação, que será desenvolvido de maio a dezembro de 2017. “Estamos facilitando e dividindo com o produtor etapas críticas do processo, inclusive com menor custo”, disse Xavier.
Os participantes terão acompanhamento técnico da equipe do IAC em todo o processo, até a finalização. A entrega do material pré-brotado será feita dentro de cada propriedade. Por esta razão, o projeto tem abrangência regional e, para este momento, foram selecionados cinco produtores na região de Ribeirão Preto.
"Desde o começo, acreditamos muito nesse trabalho em conjunto com o IAC. Essa terceira fase do projeto vem coroar o trabalho desses agricultores, que acreditaram no sistema e hoje estão colhendo bons frutos e boa produtividade, o que é o mais importante. Na produção integrada, a parte mais manual do processo de produção fica sob responsabilidade do IAC e as mudas chegam ao agricultor em um estágio muito próximo de ir a campo, o que vai facilitar muito o processo. Com certeza teremos resultados excelentes", afirmou Bruno Rangel Geraldo Martins, presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Guariba (Socicana).
Dentre os cinco participantes, dois produzem mudas para uso na propriedade e três atuam como viveiristas — produzem mudas para vendê-las a terceiros. Com esta finalidade, a forma de produção deve atender às normativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O projeto prevê orientação técnico-científica que direciona para o avanço da qualidade e, dessa forma, viabiliza o atendimento aos critérios do Mapa. “A possibilidade de vender as mudas é um negócio a mais dentro da propriedade”, avaliou o pesquisador.
Salto tecnológico e criação de novo negócio
O produtor de Taquaritinga Renato Trevizoli conta que o projeto +Cana permitiu um salto tecnológico em sua propriedade, com a introdução de novas variedades de cana, técnicas para manejo de pragas e doenças e a incorporação de novas estratégias de produção. "Esse salto tecnológico é muito importante e esperamos que aumente a produtividade na nossa propriedade", afirmou.
Para ele, participar do projeto e aprender a produzir as mudas possibilitou que o agricultor vislumbrasse um novo negócio: a comercialização de mudas. "Para produzir as MPBs precisamos montar uma infraestrutura e, para otimizar essa produção, percebemos que a venda de muda seria um negócio interessante. Certificamos nossa produção no Mapa e começamos a vender, inicialmente, para produtores da região", contou.
Sistema MPB
Desenvolvido pelo IAC, o Sistema de Mudas Pré-Brotadas (MPB) prevê, no plantio da cana-de-açúcar, a utilização de mudas pré-brotadas no lugar dos colmos como sementes. As mudas pré-brotadas são produzidas a partir de cortes de canas, chamados minirrebolos – onde estão as gemas. Depois passam por uma seleção visual e são tratados com fungicida. São colocados em caixas de brotação com temperatura e umidade controladas e, ao final, colocados em tubetes que passam por duas fases de aclimatação — nesta fase é que os cinco produtores selecionados para a terceira fase de validação do projeto atuarão. O ciclo completo leva 60 dias, quando as mudas pré-brotadas estão prontas para o plantio.
Um dos grandes benefícios do sistema MPB está na redução da quantidade de mudas levadas a campo. Para a instalação de um hectare de cana, o consumo de mudas cai de 18 a 20 toneladas, no plantio convencional, para 1,8 a 2 toneladas no MPB. Portanto, uma redução de até 90% em material de propagação. Isso significa que 18 toneladas que seriam enterradas como mudas irão para a indústria produzir etanol, açúcar e energia elétrica, transformando-se em ganhos ao produtor.
Criada a nova tecnologia, o passo seguinte foi compartilhá-la com o setor de produção. Em 2015, deu-se início à transferência do pacote tecnológico a agricultores, associados da Coplana Cooperativa Agroindustrial, que passaram a ser treinados pelo IAC, por meio do Projeto de Validação do Sistema de Mudas Pré-Brotadas (MPB), que objetiva reduzir o tempo de adoção das novas variedades desenvolvidas pela pesquisa agronômica e oferecer treinamento ao canavicultor, capacitando-o para a retomada da gestão sobre o seu plantel varietal.
Em 2016, foi finalizada a primeira etapa do projeto. Os resultados comprovam as altas taxas de multiplicações, chegando a 1:77, o que significa que o método inovador de plantar cana-de-açúcar é até 20 vezes superior ao plantio tradicional mecanizado. Esses dados são usados para avaliar o processo em cada um dos sete polos produtores de MPB, que participam do Projeto de Validação. O MPB está direcionado para aumentar a eficiência e os ganhos qualitativos na implantação de viveiros, replantio de áreas comerciais e renovação de canaviais.
Por Fernanda Domiciano
Fotos: João Luiz
Fonte: Assessoria de Comunicação - Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo