Greve dos caminhoneiros reduz a demanda de gasolina e etanol no Brasil
Segundo dados publicados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e compilados pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), a demanda de combustíveis do ciclo Otto (etanol hidratado + gasolina C) no mês de maio, em gasolina equivalente, registrou 3,98 bilhões de litros.
Este é o menor volume mensal nos últimos 5 anos, indicando a grave crise de abastecimento verificada na última semana de maio devido à greve dos caminhoneiros, além de assinalar sensível queda de 11,7% em relação a maio do ano passado. Com efeito, a retração no consumo de janeiro a maio de 2018 em comparação ao mesmo período de 2017 já atinge 3,65%.
Regionalmente, os estados mais impactados pela crise de abastecimento estão localizados na região Sudeste, onde, em média, registrou-se redução de 13,7% na demanda de combustíveis do ciclo Otto no mês de maio em comparação ao mesmo período de 2017. Em Minas Gerais, a queda de 20,9% foi a maior do País. No Acre houve a menor redução de demanda registrada para o período (-0,15%).
Caso não houvesse a crise dos transportes, que ocasionasse na interrupção da comercialização dos combustíveis, e adotássemos a variação média no consumo entre janeiro a abril, a demanda de ciclo Otto deveria totalizar cerca de 4,4 bilhões de litros, cerca de 11,5% superior ao volume registrado efetivamente para o mês.
Percentual de redução no consumo de combustíveis do ciclo Otto considerando a variação de maio de 2018 em relação a maio de 2017.
A comercialização de gasolina C pelas distribuidoras somou 3,06 bilhões de litros, indicando forte redução de 19,0% em relação ao mesmo período do ano anterior - 3,78 bilhões de litros.
Por sua vez, o volume de etanol hidratado consumido no Brasil totalizou apenas 1,31 bilhão de litros, com crescimento de 26% em relação ao mesmo mês de 2017. Entretanto, o aumento em relação a abril de 2018 foi de apenas 2,1%, evidenciando as consequências negativas na paralisação dos transportes, dado que a demanda foi aquém do que se poderia comercializar no período com o cenário de mercado favorável ao biocombustível.
De acordo com o Levantamento de Preços ao Consumidor e de Margens de Comercialização de Combustíveis realizado pela ANP, o mercado de hidratado esteve muito favorável em maio, com a paridade média de preços entre os combustíveis no Brasil de 65%, muito abaixo da relação técnica que varia entre 70% e 73%. Nos principais estados consumidores, o cenário é ainda mais promissor - 212 municípios amostrados apresentaram viabilidade econômica pelo renovável.
Fonte: Unica