Incêndios criminosos em canaviais geram multas e perdas para o setor
“Viu fogo durante o dia em canavial é incêndio criminoso ou acidental. E vai sobrar para nós”, afirma o produtor Francisco de Souza Nobre Filho, de Bebedouro, SP. Francisco tem 30 alqueires com cana, 100% colhida com máquinas e crua, fornece para o grupo Tereos. Ele conta que, os incêndios no canavial passaram a ser um de seus maiores problemas depois da adoção da colheita com cana crua, e podem ocorrer praticamente o ano todo, pois, após o corte, fica a palhada no solo.
“Queima tudo, se alastra rapidamente e muitas vezes o fogo fica sob a palha, a gente acha que apagou, mas ele está lá, escondido. Mata até a cana-soca e invade as áreas de preservação. É só perda para nós, mas as pessoas e as autoridades não acreditam e aí nos multam. Até provar que não fomos nós que ateamos fogo em nossa propriedade, leva tempo e dá trabalho”, diz Francisco que admite que nesta época do ano, o número de incêndios é maior em decorrência da estiagem.
Os danos dos incêndios criminosos em canaviais penalizam todo o setor, para tentar minimizá-lo, usinas e produtores aumentaram investimentos em brigadas de incêndio, treinamentos, e vigilância. Além disso, a ABAG/RP, Usinas e Produtores Rurais colocaram nas ruas, desde a 2º quinzena de julho, a Campanha Institucional de Conscientização, Prevenção e Combate aos Incêndios.
O objetivo é esclarecer que, de forma semelhante ao que acontece nas cidades, os incêndios no campo também acarretam sérios prejuízos. Ações impensadas, negligentes ou intencionais podem colocar vidas em risco, além de comprometer a atividade econômica, urbana ou rural, sempre com consequências para a sociedade e para o meio ambiente.
A Campanha atingirá expressiva parcela das regiões produtoras de cana-de-açúcar no Estado de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Vale a ressalva de que é preciso diferenciar "queima controlada" de "incêndio". A queima controlada é uma prática permitida por lei, mas aplicável apenas em situações específicas e mediante autorização prévia, concedida pelos órgãos ambientais estaduais.
Como exemplos: o uso do fogo que precede o corte manual da cana, permitido para pequenas propriedades; e para o controle sanitário na agricultura. O importante é conscientizar a população sobre os perigos do incêndio acidental ou intencional, que ao contrário da queima controlada, pode atingir áreas de preservação ambiental, cidades e plantações.
Fonte: CanaOnline