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Minas Gerais tem a maior produção histórica de açúcar

Minas Gerais tem a maior produção histórica de açúcar

O cenário das amplas plantações de cana-de-açúcar em Minas Gerais ganhou novos visitantes: siriemas, tamanduás, lobos-guarás e várias espécies de pássaros são frequentes hoje nos canaviais. Eles passaram a ser vistos nas estradas das usinas desde a consolidação, nos últimos anos, das colheitas mecanizadas, que eliminaram as queimadas nas lavouras. O passeio desses animais pelas propriedades mostra ganhos que vão além da saúde ambiental: significa também o processo de colheita mais eficiente dos usineiros. Hoje, praticamente toda a área colhida dos canaviais no estado é mecanizada. “Com isso, aproveitamos mais a energia da cana, pois não queimamos a palha. Estamos tentando produzir mais na mesma área, com ganhos de produtividade”, diz o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos.

A eficiência se reflete nos números. A produção de açúcar na safra mineira 2017/2018 será recorde. Vai passar de 3,9 milhões de toneladas na safra passada para 4,1 milhões de toneladas, uma alta de 3%. A eficiência maior deve-se em grande parte à instalação de duas novas fábricas de açúcar no estado: uma em Limeira do Oeste, da Companhia Mineira de Açúcar e Álcool (CMAA); e outra em Tupaciguara, da Bioenergética Aroeira. Localizadas no Triângulo Mineiro, as duas usinas vão aumentar em 400 mil toneladas a capacidade instalada do produto em Minas. O recorde vem em um momento de alta dos preços da commodity, em razão da queda na produção mundial registrada no ano passado.

A nova fábrica de açúcar da CMAA, na usina Vale do Pontal, será inaugurada neste mês de maio e contou com investimentos da ordem de 450 milhões de reais. “Uma usina sem colheita mecanizada não tem condições de competir hoje”, afirma José Francisco dos Santos, fundador e presidente do Conselho de Administração da CMAA, grupo formado também pela usina Vale do Tijuco, em Uberaba, uma das quatro maiores produtoras de cana do estado. A Vale do Tijuco produz 35 mil sacos de açúcar e mais de 1 milhão de litros de álcool por dia em 60 mil hectares de cana. A produtividade surpreende e chega a 95 toneladas de cana por hectare. O grupo gera cerca de 2 mil empregos diretos. “Nosso segredo é a produtividade elevada com custo baixo”, afirma Carlos Eduardo Turchetto Santos, filho de José Francisco e presidente da CMAA. Com a nova fábrica, o grupo deve produzir 370 mil toneladas de açúcar neste ano, quase 100 mil a mais do que em 2016.

A Bionergética Aroeira investiu 55 milhões de reais para começar a produzir açúcar em abril. Neste ano, vão sair da usina, que já produz energia elétrica, 100 mil toneladas de açúcar e 50 milhões de litros de etanol. “É importante que as usinas produzam os três produtos”, afirma Mário. “É uma forma de otimizar as fábricas e trabalhar com mix melhor.” Em julho, a Vale do Pontal também vai produzir energia.

Na festa que promoveu na Vale do Tijuco para o lançamento da safra 2017/2018 da cana, José Francisco agradeceu a decisão do governo passado de reduzir a alíquota do ICMS do etanol hidratado (colocado no motor do carro) de 19% para 14%. “Foi uma vitória para o estado”, disse aos 300 empresários e políticos presentes. A medida, sancionada em dezembro de 2014 pelo então governador Alberto Pinto Coelho (PP), contribuiu para deixar o álcool mais competitivo e aumentar o consumo.

“Minas tem vocação na produção de açúcar e álcool, que é combustível com energia limpa e gerador de riqueza e emprego”, afirma Alberto. “E se contrapõe à gasolina e ao diesel, que são altamente poluidores.” Dinis Pinheiro, presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) entre 2011 e 2014, é outro defensor fervoroso da medida. “Foi fundamental para reanimar o setor a cumprir seu papel decisivo de gerar emprego.”

José Francisco critica a importação “desenfreada” de álcool no país. “O combustível entra sem imposto nenhum. Assim perdemos a competitividade”, diz. O empresário, que também é dono da JF Citrus, uma das quatro maiores produtoras de laranja do país, afirma que paga 400 dólares por tonelada do suco que entra nos Estados Unidos. “Temos de colocar barreiras, assim como eles têm na importação dos nossos produtos”, diz. “O etanol importado entra aqui sem obedecer às mesmas regras que temos no Brasil”, completa Gabriel Feres Junqueira, diretor-financeiro da Aroeira.

A primeira estimativa da safra 2017/2018 da produção de etanol total (anidro e hidratado) é de queda de 2,64 bilhões de litros para 2,33 bilhões de litros, redução de 12%. “Essa safra ainda é de ajuste, pois as usinas não tinham dinheiro e estavam renovando pouco as lavouras”, afirma Mário. É, segundo ele, uma safra de transição para a retomada do setor, que vai ter crescimento de moagem nos próximos anos em função do aumento de produtividade agrícola.

O governador Fernando Pimentel (PT) participou da festa e elogiou o setor de cana-de-açúcar no estado. “Está cada dia mais modernizado, socialmente e ambientalmente comprometido. É combustível barato e correto”, diz. Ele ressaltou o momento “dramático” do país, com grave crise econômica e política. “Só temos um caminho, trincar os dentes e trabalhar, o que o mineiro sabe fazer de melhor”, afirma. Haja vista os pujantes números do setor, é exatamente nisso que os usineiros estão empenhados.

 

Fonte: CanaOnline

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