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Na terra da cana, FS Bioenergia avança com etanol de milho e pode virar quarto maior produtor

Na terra da cana, FS Bioenergia avança com etanol de milho e pode virar quarto maior produtor

A FS Bioenergia, empresa controlada pelo grupo americano Summit Agricultural Group, chegou há quatro anos no Brasil desafiando o mito de que o etanol de cana é mais ecológico e eficiente do que o de milho.

A empresa iniciou recentemente as obras da sua terceira usina de etanol produzido exclusivamente a partir do milho, em Primavera do Leste, no Mato Grosso, um investimento de R$ 2,3 bilhões que poderá transformá-la, já a partir de 2023, em um dos quatro maiores produtores do biocombustível do país.

Quando a planta estiver funcionando, a FS terá uma produção de 2 bilhões de litros de etanol. A gigante Raízen, que lidera a produção de açúcar e etanol, produziu 2,5 bilhões de litros de etanol na última safra (20/21).

Nosso papel é complementar. A demanda de etanol vai crescer muito e há uma dificuldade para suprir o mercado só com a cana -- diz Rafael Abud, CEO da FS, que aposta no etanol como uma solução para a eletrificação da frota de veículos no país.

Acho que está se chegando a um consenso entre montadoras e governos de que o carro do futuro no Brasil vai ser híbrido, com um pequeno motor flex a combustão carregando a bateria. A Índia está indo por esse caminho também. O etanol é uma solução pronta, altamente escalável com baixíssima pegada de carbono --- diz Abud.

Na disputa pela eficiência energética e financeira, a cana começa a perder terreno para o milho. O etanol de cana ainda tem uma pegada mais ecológica considerando o etanol produzido a partir do milho nos EUA. Por aqui, porém, o milho consegue não só ser mais eficiente do que o grão americano como supera a cana. --- O custo de uma usina de etanol de milho é muito inferior ao de uma usina de cana. O custo do transporte também pesa: o milho viaja de trem e a cana, só de caminhão -- diz o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.

O milho não gera resíduo --- o que não vira etanol, vira ração e óleo de cozinha. Além disso, o milho convive com a produção de alimentos, pois é produzido na chamada safrinha, compartilhando a mesma terra que a soja na primeira safra.

O milho brasileiro é 100% renovável. Considerando o ciclo completo de emissão, temos uma pegada mais baixa que o etanol de cana --- diz Abud.

A FS tem a melhor nota de eficiência no programa RenovaBio e iniciou recentemente a implementação de um sistema de captura e estocagem de carbono, o BECCS (Bioenergy with carbon capture and storage), que prevê a injeção de carbono no solo próximo de sua usina em Lucas do Rio Verde. Trata-se de um projeto de R$ 250 milhões que deverá eliminar 400 mil toneladas de carbono ao ano, transformando a FS em uma das poucas empresas do mundo a ter uma pegada negativa de carbono.

De olho no crescimento futuro, a FS já tem outros três terrenos licenciados no Centro Oeste --- em Campo Novo, Querência e Nova Mutum --- que poderão receber novas plantas a qualquer momento, na medida em que houver demanda. --- Ainda não temos projetos para essas plantas, mas temos a opcionalidade de crescimento ---, diz Abud.

Hoje o milho representa 12% da produção de etanol no Brasil, de 28,2 bilhões de litros, e a expectativa é de que esse valor alcance 19% na safra de 2030, quando se prevê uma produção de 50,65 bilhões.

 

 

Fonte: O Globo

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