Notícia

A aplicação de torta de filtro, por exemplo, apresenta ganhos médios de 12 toneladas por hectare, quando comparado ao tratamento sem torta de filtro, só com adubos químicos

* Dib Nunes Jr

As terras agricultáveis devem ser vistas como um todo, devemos contemplar as áreas física (textural), química e biológica. Em relação à nutrição do solo, muitas novidades têm surgido ultimamente, muitas pessoas já perceberam isso, até surgiram produtos biológicos que hoje são aplicados em vários estágios da cultura, sem exageros, é claro, para não confundir com a radical e estigmatizada agricultura orgânica.

Na produção canavieira, estamos utilizando tudo que podemos com grande sucesso, inclusos os resíduos industriais e aqueles retirados da criação de animais. Aos poucos os produtos organo-minerais estão sendo redescobertos pelos agricultores para substituição, com grandes vantagens, parte da adubação estritamente química. Somente para ilustrar, vale citar que no início da década de 1980, estudei, pioneiramente, para minha tese de mestrado, os efeitos do uso da torta de filtro no sulco de plantio em vinte variedades e os resultados foram fantásticos.

Com 25 toneladas de torta úmida in natura por hectare, aplicados em solo do tipo areias quartzosas -classificação da época – hoje Neossolos, observamos ganhos médios de 12 toneladas por hectare, por corte, em três cortes consecutivos, quando comparado ao tratamento sem torta de filtro, só com adubos químicos. Dezenas de ensaios surgiram depois disso e o seu uso está cada vez mais aprimorado, com várias novas tecnologias agregadas

Nunca foi tão atual o uso de matéria orgânica para ganhar produtividade. A torta de filtro colocada dentro do solo dá resultados melhores do que quando colocada sobre a linha da soqueira. Quando é depositada sobre a soca também traz bons resultados, embora não possua poder residual, o que nos obriga a aplicar todos os anos. A explicação deste fato é que, grande parte da torta compostada ou aplicada in natura quando colocada em superfície, se desfaz em gás carbônico e se perde na atmosfera, quando incorporada as perdas são mínimas

*Dib Nunes Jr é engenheiro agrônomo, consultor e presidente do Grupo IDEA www.ideaonline.com.br