Preço do etanol nas usinas de São Paulo cai 17,8% em abril
Os preços do etanol hidratado (que abastece os veículos) acumularam queda em abril nas usinas de São Paulo, segundo o Centro de Pesquisas em Economia Aplicada da Esalq/USP. Na média das semanas cheias do mês, o indicador do combustível recuou 17,8% sobre março, último mês da entressafra. Após a mudança na política de preços da Petrobras, a gasolina acumula alta de 19,2% em 12 meses, índice acima do registrado pelo etanol no período, de 12,9%.
As quedas foram significativas em São Paulo, sobretudo na primeira quinzena de abril, com a pressão vinda da maior oferta. É que muitas usinas do estado precisaram vender o produto rapidamente após o início da moagem, com o objetivo de fazer caixa.
“Observamos um começo de safra avançado para várias unidades do Centro-Sul, do estado de São Paulo mais especificamente”, pontua Ivelise Bragato, pesquisadora na área de etanol do Cepea. “Pesou neste cenário a necessidade financeira da indústria em vender o etanol. Seja pelo longo período em que ficaram sem produção, e com menor receita, ou pela necessidade de sanar perdas de começo de safra”.
A queda no preço do etanol nas usinas, porém, ainda demora a chegar às bombas dos postos de combustíveis, segundo especialistas.
“Considerando outros levantamentos, é necessário cerca de um mês e meio para que o consumidor perceber redução no preço”, diz Renata Marconato, analista da MB Agro.
Para Luis Otávio Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil, o preço do etanol para o varejo, porém, será menor do que em patamares anteriores, uma vez que a alta da gasolina pode elevá-lo num futuro breve.
“A tendência é que o preço do etanol caia para o consumidor, mas menos do que já observamos em anos passados”, avalia Leal. “No cenário atual, suponho que o preço da gasolina pode puxar o etanol para cima, diferentemente do que avaliamos no passado, quando o etanol puxou o preço da gasolina para baixo”.
Em relação à continuidade do cenário de queda dos preços nas indústrias, os analistas dizem que é difícil fazer projeções sobre o tema. Entretanto, é esperada uma safra de cana mais voltada à produção de combustível, o que pode aumentar a produção em 2018 frente ao ano anterior.
“Pelas estimativas que as consultorias têm divulgado, devemos ter uma safra com mais cana destinada à produção de etanol. Mas o consumo nas bombas também vai crescer. Em um possível balanço, a produção de etanol deve ser maior, na comparação com o ano passado”, diz Ivelise.
Previsão otimista
O diretor da corretora de etanol SCA, Martinho Ono, informou à agência Reuters que o consumo de etanol hidratado no Brasil pode crescer mais de 20% em maio deste ano, em relação a meses anteriores.
Na avaliação de Ono, o combustível terá atratividade forte em 2018, em meio a um cenário de maior oferta e com a gasolina registrando cotações ainda elevadas, dados os seguidos reajustes da Petrobras.
As expectativas de Ono são bastante otimistas. Segundo ele, 75% da frota nacional de veículos poderão contar, ainda neste ano, com os preços do etanol cerca de R$ 1 abaixo dos da gasolina nos postos de combustíveis.
Fonte: O Globo - Gabriel Martins