Produtores de cana mais eficientes também serão beneficiados com o RenovaBio
Ao tornar processos mais eficientes e fornecer dados primários de produção, produtores esperam abocanhar fatia dos créditos de descarbonização comercializados pelas usinas
Leonardo Ruiz e Luciana Paiva
“Os produtores de cana com melhor eficiência também serão beneficiados com o RenovaBio”, afirmou Antonio Rodrigues Padua, diretor-técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), durante coletiva de imprensa realizada pela entidade no último mês de dezembro. No entanto, não consta no programa garantias de como será a remuneração para o fornecedor de cana.
A Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana) solicita que a situação do produtor de cana seja definida no RenovaBio. “Sempre nos preocupou, desde a época da criação do RenovaBio, garantir a remuneração do produtor. Porque quem vai receber na realidade é a usina. E quem faz a parte agrícola são os produtores independentes. Desde o começo houve muita promessa. A Feplana até fez emenda para ser encaminhada. Preferimos não colocar nada, pois o projeto foi aprovado muito rápido, e não quisemos atrapalhar, mas recebemos a promessa de que não seriamos esquecidos. No entanto, até agora não houve definição. Trabalhamos juntos à ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) e MME (Ministério de Minas e Energia) tentando viabilizar algo concreto”, informa Alexandre Andrade Lima, presidente da Feplana.
“Sempre nos preocupou, desde a época da criação do RenovaBio, garantir a remuneração do produtor”, diz Alexandre Andrade Lima
Mesmo ainda sem posição oficial em relação à participação do produtor de cana no RenovaBio, os produtores associados à Aprocal, entidade representativa localizada no Triângulo Mineiro, já iniciaram seus preparativos para adequação à nova política nacional de biocombustíveis.
Fornecedores de matéria-prima da Usina Uberaba, pertencente ao Grupo Econômico Balbo, os 16 associados têm continuamente realizado reuniões com representantes da unidade agroindustrial a fim de debater as diretrizes internas para o funcionamento do programa. Atualmente, a companhia já está em processo de certificação junto aos órgãos reguladores para iniciar a comercialização dos créditos de descarbonização (CBiOs) a partir do próximo ano.
O presidente da Aprocal, João Ângelo Guidi Júnior, conta que, por ora, os produtores estão em processo de levantamento de dados operacionais. Uma vez obtidos, essas informações irão ser fornecidas para a usina, que deverá certificar 100% da área - 55% está nas mãos de fornecedores. “Nossa associação está completamente ciente de como será a situação organizacional dos canaviais dentro do RenovaBio. Transparência é a palavra que rege os trabalhos no momento.”
Presidente da Aprocal, João Ângelo Guidi Júnior afirma que conversas com as usinas da região estão avançadas
Foto: Leonardo Ruiz
Proprietário de 2100 hectares na região de Uberaba/MG, Guidi Júnior afirma que a alta tecnologia empregada pelos produtores mineiros irá ser um grande aliado na obtenção de melhores notas na RenovaCalc, a calculadora do RenovaBio. “Pode-se dizer que temos um pensamento diferente dos demais canavicultores do Centro-Sul. Como viemos de culturas como a soja e o milho vemos as inovações tecnológicas com outros olhos. No futuro, essas apostas se traduzirão em bônus dentro dos parâmetros da nova lei.”
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