Safra de cana-de-açúcar deve crescer 3,1%
O primeiro levantamento para a safra 2017/18 de cana-de-açúcar em Minas Gerais, divulgado ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontou para uma produção 3,1% maior no período, somando 65,6 milhões de toneladas de cana. Nesta safra, a produção de açúcar crescerá em detrimento do etanol. Apesar da expectativa de alta apontada pela Conab, o setor produtivo estadual acredita que não haverá crescimento na produção em função do regime pluviométrico irregular registrado entre fevereiro e março, o que inibiu a expansão da produtividade.
O presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, explica que os dados da Conab estão diferentes do que é esperado pelo setor.
“Quando falamos em estimativas, é sempre um retrato do momento. Nós estamos em abril e, para fazer uma estimativa tão elaborada como esta, os técnicos vão a campo e, ao longo do período, entre as visitas de campo e a divulgação do relatório, várias coisas podem acontecer. Então, o que vejo é que havia uma expectativa de uma safra de cana considerável em Minas Gerais, mas essa expectativa em termos de produção foi revertida com a falta de chuvas em fevereiro, março e abril. Nossa estimativa ainda não foi fechada, mas não temos cenário para trabalhar com aumento da produtividade”.
De acordo com os dados da Conab, a produção mineira será de 65,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, o que representaria um incremento de 3,1% sobre as 63,6 milhões de toneladas esmagadas em 2016/17. O impulso virá do ganho em produtividade, que deve crescer 4,5% com rendimento médio por hectare de 78 toneladas de cana.
“A Conab aponta para um crescimento de 4 toneladas de cana por hectare, mas não acredito que a produtividade irá aumentar, por conta do clima”, disse Campos.
Em relação à área em produção, os técnicos da Conab registraram a tendência de redução de 1,3% com o uso de 841,7 mil hectares. “Efetivamente estamos visualizando a redução da área em função do fechamento de várias usinas ao longo dos últimos anos. Em um período de seis anos foram 11 unidades fechadas em Minas Gerais”, explicou Campos.
Açúcar - Com a demanda aquecida e os preços remuneradores, a tendência apontada pelo levantamento da Conab é de um incremento de 13,8% na produção de açúcar, alcançando 4,5 milhões de toneladas, ante as 3,9 milhões de toneladas registradas na safra anterior. Ao todo, serão destinadas 34,7 milhões de toneladas de cana para a fabricação de açúcar, volume que ficou 14,2% maior.
“A Conab prevê uma produção elevadíssima de açúcar. Efetivamente temos em Minas Gerais indústrias bem flexíveis, mas como os preços do açúcar no mercado internacional já caíram mais de 20%, a reversão poderá influenciar nas decisões em relação ao mix. Esta produção estimada dificilmente vai ocorrer, porque não teremos avanço na produtividade. Lembrando que a pesquisa feita pela Conab é um retrato do momento em que os técnicos foram a campo, cenário que já foi modificado”, explicou Campos.
No caso do etanol total, a previsão é de uma queda de 7,3% no volume, que deve encerrar a safra em 2,46 bilhões de litros. Para a fabricação do biocombustível, serão esmagadas 30,9 milhões de toneladas de cana, variação negativa de 7%. A produção estimada para o etanol hidratado é de 1,4 bilhão de litros, retração de 8,7%. Para o etanol anidro está prevista queda de 5,3% com a geração de 1 bilhão de litros.
Fonte: Diário do Comércio