Se o Brasil quiser cumprir as metas ambientais da COP-21 terá que dar mais atenção à biomassa da cana
Para o gerente de bioeletricidade da Unica, é essencial que exista uma política clara por parte do governo que estimule a contratação de leilões regulados. Caso contrário, haverá barreiras para a biomassa avançar
Em dezembro do ano passado foi aprovado o primeiro acordo global para frear as emissões de gases do efeito estufa e lidar com os impactos da mudança climática. Para tal, os países signatários precisam parar de queimar combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, e adotar fontes de energia renováveis, como solar, eólica, hidráulica e biocombustíveis.
No caso do Brasil, as metas apresentadas são bastante ousadas. Uma delas é que, em 2030, a participação de fontes renováveis (solar, eólica e biomassa) na matriz energética brasileira seja de 23%. Atualmente, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), esse valor é de 10%.
O gerente de bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Zilmar de Souza, afirma que, para que essa meta possa ser atingida, é irreversível que o governo comece um processo de investimento nessas fontes, com especial foco na biomassa da cana-de-açúcar, que tem grande potencial para suprir toda e qualquer necessidade de produção de energia elétrica limpa no Brasil.
“O essencial no momento é que exista uma política clara por parte do governo que estimule a contratação de leilões regulados.” Ele explica que, embora o mercado livre seja de grande importância, existem dificuldades para firmar contratos de longo prazo, que são essenciais para a viabilização de investimentos.
“Dessa forma, acabamos como reféns dos ambientes regulados dos leilões. Assim, caso não exista uma política clara de contratação, que reconheça os benefícios da biomassa para a rede, mesmo com todo nosso potencial, haverá dificuldade e barreiras para a biomassa avançar.”
Porém, ao menos por enquanto, esses investimentos devem levar um tempo para começar, já que não há expectativa de realização de novos leilões, sendo que o último ocorreu em abril desse ano. O gerente de bioeletricidade da Unica explica que a queda no consumo de energia elétrica ocasionada pela recessão fez com que muitas distribuidoras que compraram energia nos leilões ficassem sobrecontratadas, levando o governo a interromper novos leilões até que seja feito um diagnóstico para saber em quanto está essa sobrecontratação. “Dessa forma, estamos no aguardo para saber se haverá demanda e, havendo, esperamos que a biomassa seja lembrada e que os preços, que no momento ainda não sinalizam uma melhora, sejam remuneradores.”
O futuro da bioeletricidade no Brasil será um dos assuntos abordados na 2ª edição do Seminário sobre Biomassa da Cana-de-Açúcar & Cia, que acontece no Centro de Convenções de Ribeirão Preto, no dia 10 de agosto. As inscrições podem ser feitas pelo site: www.ideaonline.com.br, onde também é possível obter mais informações sobre o evento.
Fonte: CanaOnline