Startups mostram o caminho da inovação
Uma pesquisa conduzida pela FINEP revelou um cenário conflitante no Brasil. Em termos de produção científica, nosso país se encontra em uma posição mediana, não ficando tão atrás de nações como Estados Unidos, Alemanha, Japão e Coreia do Sul. Por outro lado, quando observamos o ranking de investimento em inovação, estamos na longínqua 69ª posição. Para o analista de projetos da FINEP, Marcos Barros, isso ocorre em função de um baixo perfil inovador das empresas brasileiras, que preferem buscar soluções prontas em vez de investir em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). “Uma esmagadora parte do investimento em pesquisa provem do setor público, enquanto que em países mais desenvolvidos é o privado que alavanca a inovação.”
As startups, consideradas as almas das inovações, surgem como peças fundamentais para subir algumas posições nesse ranking, já que, na maioria das vezes, são elas as responsáveis por imaginar tão complicados conceitos e desenvolvê-los de forma rápida e eficaz. “Diversos setores, como o da tecnologia da informação, das telecomunicações e da biotecnologia, ganharam uma importância significativa nos últimos anos dentro do nosso cotidiano. São segmentos em que as startups mais se destacam. Por isso, o caminho para a inovação, passa, necessariamente, por elas”, destaca Barros.
De acordo com ele, o agronegócio é um dos segmentos que mais está sendo impactado positivamente pela presença das startups, que atuam em diversas frentes criando tecnologias que resultam em aumento de produtividade. “Sistemas de gestão e de georreferenciamento das operações agrícolas e até mesmo produção de variedades geneticamente modificadas são apenas alguns exemplos de inovações desenvolvidas por elas e que já chegaram ao campo.”
Para o gerente de marketing digital da BASF para a América Latina, Almir Araújo, o futuro da agricultura passa pelas mãos das startups, que podem auxiliar nas tomadas de decisão e em outros diversos desafios encontrados no dia a dia do produtor. “Seja um software para previsão de pragas ou um equipamento que trará maior eficiência na aplicação de agroquímicos, lá estão as startups, entregando maior produtividade às lavouras e ajudando a alimentar uma população mundial que cresce mais a cada ano.”
Para o responsável pela carteira agro do SP Ventures, Thiago Lobão, o canavieiro é um dos setores que mais deve se “apoiar” nesse novo modelo de negócios. Segundo ele, só haverá elevação dos estáveis patamares de produtividade quando houver tecnologias sendo desenvolvidas dentro de casa. “Hoje, é fundamental que os grandes players do segmento suportem essas tecnologias, abrindo espaço para testes e fornecendo feedbacks. Apenas assim, será possível aperfeiçoar os projetos, fazer com que tenhamos um aporte de tecnologia no longo prazo e, consequentemente, levar o Brasil a um novo ciclo, um estágio de amadurecimento da cadeia agrícola como jamais foi alcançado.”
Outro grande apoiador das inovações proporcionadas pelas startups é o consultor Jaime Finguerut, que por mais de 35 anos atuou nesta área dentro do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e que, a partir deste ano, se lança em carreira solo. “Durante toda minha vida, acreditei que eram as grandes empresas que faziam inovação. Mas agora, depois de tantos anos, aprendi que quem faz inovação para valer são as startups.”
Finguerut destaca que elas funcionam como o motor da inovação, correndo a 300 km por hora, enquanto que as empresas tradicionais vão a apenas 30 km/h. “Eventualmente, elas irão se encontrar, mas até lá, podem mostrar o caminho da inovação, representando uma grande mudança de estilo, tão necessária para a cana-de-açúcar, que enfrenta décadas de produtividades estáveis.” No entanto, alerta que o setor precisa abrir mais espaço para este tipo de inovação. “O pessoal acha que é loucura, mas, se não fizermos loucura hoje, estaremos mortos amanhã.”
Fonte: CanaOnline