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Triângulo mineiro e os canaviais “longa-vida”

Triângulo mineiro e os canaviais “longa-vida”

A região líder na produção de cana em Minas Gerais investe para ter canaviais produtivos por muitos cortes

Lar de 21 das 34 unidades agroindustriais do Estado, o triângulo mineiro é o principal produtor de cana-de-açúcar de Minas Gerais. Composta por 28 municípios, a região é reconhecida nacionalmente por contar com produtores tecnificados e detentores de canaviais produtivos e altamente longevos.

No epicentro dessa região, destaca-se o município de Campo Florido. Com apenas oito mil habitantes, a cidade tem a cana-de-açúcar como força motriz de sua economia. Além de contar com uma das maiores usinas da região (Coruripe Campo Florido), é sede de uma das principais entidades representativas do Centro-Sul: a Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Campo Florido (Canacampo). Criada em 2001, a associação possui, atualmente, 56 fornecedores, detentores de mais de 57 mil hectares de canaviais. Na safra passada, a produtividade média da região fechou em 87 t/ha com um ATR médio de 138 kg.

Rodrigo Piau: “Uma reforma nos dias de hoje não é nada barata. Por isso, trabalhamos junto aos associados técnicas para aumentar o número de cortes das áreas”

Foto: Divulgação CanaCampo

O coordenador agrícola da CanaCampo, Rodrigo Piau, conta que, nos últimos dois anos, os produtores passaram a dar maior atenção a questão de longevidade dos canaviais em função, principalmente, dos altos custos que envolvem uma operação de plantio. “Uma reforma nos dias de hoje não é nada barata. Por isso, trabalhamos junto aos associados técnicas para aumentar o número de cortes das áreas, pois com uma viabilidade econômica por vários anos, os canaviais poderão ser renovados apenas com 10 a 15 cortes.”

Para o engenheiro agrônomo, o trabalho começa logo no plantio de uma nova área. O primeiro passo é correlacionar a melhor variedade em função de cada ambiente de produção. “Indicamos também um bom preparo de solo, uso de mudas sadias, enquadramento dentro da melhor janela de plantio, rotação de culturas, Meiosi, adubação bem feita, manejo de pragas com cortador de soqueira, controle de nematóides, desinfestação do banco de sementes de plantas daninhas, além da utilização de produtos biológicos a fim de manter a bioatividade do solo.”

A dobradinha MPB + Meiosi é uma das técnicas recomendadas pela CanaCampo

Foto: Arquivo CanaOnline

Uma vez implantado, as atenções se voltam para a colheita, que deve ser feita com o uso de piloto automático a fim de evitar o pisoteio das linhas de cana e dar condições para que a nova soca possa criar raízes novas e profundas. Após a colheita, é importante realizar corretamente as aplicações de defensivos e replantar as falhas, caso seja necessário. “Seguindo esse arroz com feijão básico, temos a certeza de que esse canavial seguirá longevo por mais tempo e com boas produtividades.”

Prova das palavras de Rodrigo Piau é o associado Daine Frangiosi, proprietário da Fazenda Santo Inácio Jaborandi, de Campo Florido/MG. Na safra passada, o produtor viu sua produtividade agrícola alcançar 111 t/ha na média de 4,1 cortes. O ATR fechou em 134,8 kg/ton. Já o TAH (Toneladas de Açúcar por Hectare) ultrapassou a tão sonhada casa das 14 toneladas, fechando em 14,97. Apenas para comparação, a média nacional gira em torno de 10 TAH.

Com o auxílio de produtos para o sulco de plantio aliado à Matriz do Terceiro Eixo, Daine Frangiosi viu sua produtividade saltar para 111 t/ha na média de 4,1 cortes

Foto: Leonardo Ruiz

Para Frangiosi, um dos trunfos dessa alta produtividade é o tratamento realizado no sulco de plantio, que consiste na utilização de produtos químicos e biológicos de alta performance e variados modos de ação, possibilitando que a cana possa brotar e se desenvolver equilibrada, sadia e vigorosa em um ambiente livre de matocompetição, pragas, nematoides e doenças. "Esse tipo de tratamento busca o equilíbrio da planta, a blindando da raiz à folha, gerando mais qualidade de matéria-prima.”

Outra técnica adotada na fazenda e que ajudou a alavancar a produtividade foi a Matriz do Terceiro Eixo. O sistema consiste em colher os canaviais seguindo uma lógica de idade, iniciando a safra com as canas mais novas e finalizando com as mais antigas. Frangiosi confessa que, no início, achou a ideia um tanto estranha, pois ela abandona o conceito tradicional de canas precoces, médias e tardias. Com a Matriz do Terceiro Eixo, uma cana tardia pode acabar sendo colhida no começo da safra. “Aliadas, essas ferramentas foram preponderantes para que eu conseguisse alcançar uma cana de três dígitos mesmo em canaviais em cortes avançados.”

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