Usinas de AL tem prejuízo de mais de R$ 8 bilhões em 3 anos, diz Sindaçúcar-AL
A receita da “desgraça” do setor sucroalcooleiro de Alagoas tem uma pitada de crise internacional no setor financeiro e seca a vontade. Outros ingredientes também, que incluem aumento de custos de produção, perda de competitividade do etanol ante a gasolina e queda no preço do açúcar, especialmente na safra 14/15, ajudaram no preparo da maior crise já enfrentada por usinas e usineiros de Alagoas.
Nos últimos cinco anos, pelo menos seis das 24 usinas de Alagoas fecharam as portas e não abriram mais. A lista inclui Laginha, Guaxuma, Capricho, Porto Alegre, Sinimbu, Roçadinho e Triunfo. A Uruba, depois de fechada, foi reaberta por uma cooperativa. Nesse período, a safra de cana-de-açúcar de Alagoas despencou. A média de produção do estado, que era de 28 milhões de toneladas por ciclo, caiu para 16 milhões de toneladas. E pode cair mais.
Com a queda na produção de cana, novas úsinas podem fechar suas portas a partir da próxima safra. A crise afeta especialmente as usinas menores, as cooperadas e as que estão instaladas em regiões mais secas do estado.
Agravado pela seca, o “drama” do setor sucroalcooleiro de Alagoas ganha contornos de tragédia com a perda de mais de 50 mil empregos diretos. Não é só. Apenas nos últimos três anos, as usinas do estado perderam faturamento equivalente, a preços de hoje, a R$ 8 bilhões. É um dinheiro que equivale ao Orçamento fiscal do estado e cuja ausência de circulação afeta toda a economia alagoana.
Pior, é que o setor ainda não chegou ao seu fundo de poço. A continuar assim – sem chover e sem novos recursos para a renovação dos canaviais e para fazer os tratos culturais – Alagoas terá na próxima safra provavelmente a menor produção de cana da sua história recente. A expectativa é que a safra caia para algo entre 10 milhões e 13 milhões de toneladas.
A avaliação foi feita nessa terça-feira 8, pelo presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Alagoas, Pedro Robério Nogueira, após participar de reunião em Brasília com a bancada federal de Alagoas e o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira. A reunião foi articulada pelo líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, com o objetivo de discutir medidas de socorro ao setor – especialmente para o produtores independentes de cana.
O presidente do Sindaçúcar-AL, Pedro Robério Nogueira, aproveitou o encontro com a bancada federal para atualizar os do estrago causa pela crise e pela seca no setor sucroalcooleiro de Alagoas: “a estiagem é um problema muito sério porque subtrai uma parte expressiva da produção, que você investiu para tê-la e não tem. No caso de Alagoas estamos saindo de ao redor de 29 milhões de toneladas de cana para 16 milhões de toneladas de cana. Podermos ir a 13 para 10 na próxima”
A consequência da seca, reforça Pedro Robério Nogueira, é a menor circulação de renda em Alagoas: “essa seca de 3 anos seguidos em Alagoas está subtraindo de renda ao redor de R$ 8 bilhões cumulativamente no período. Isso é todo o Orçamento fiscal de Alagoas, para se ter ideia do que significa essa subtração de renda pela não produção de cana em decorrência da seca”.
“Nós defendemos aqui que o primeiro socorro seja concedido aos fornecedores de cana. É natural que qualquer programa de governo comece e se intensifique com os fornecedores de cana. Estamos falando aqui de 18 mil fornecedores de cana independentes (Nordeste). E num ato seguinte, o governo deve atender as indústrias”, ponderou Pedro Robério Nogueira.
Veja vídeo da entrevista de Pedro Robério sobre a crise no setor sucroalcooleiro do setor.
Fonte: Jornal de Alagoas